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Contra Marta, "exército" de 200 mil motoboys vira alvo de Maluf e Serra
CATIA SEABRA
REPORTAGEM LOCAL
Com a distribuição de camisetas
e a promessa de extinção de taxa
para regularização da categoria, o
candidato do PP à Prefeitura de
São Paulo, Paulo Maluf, dá a largada a uma corrida pela conquista de um exército estimado em até
200 mil eleitores: o dos motoboys.
Hoje, o Grupo de Apoio ao Motociclista Profissional oficializa sua
adesão à candidatura de Maluf.
Além de camisetas, a campanha
produziu adesivos com a inscrição "Motoboy é dez. Maluf é 11".
Mas, nessa disputa, o tucano José Serra não fica atrás. Ainda nesta semana, Serra deverá receber a
manifestação de apoio de dois
grupos até mais representativos: o
Sindmmoto (Sindicato de Trabalhadores Motociclistas do Município de São Paulo) e a Abram
(Associação Brasileira de Motociclistas). Segundo dados do sindicato, o Sindmmoto representa,
pelo menos, 40 mil motoboys. Já a
Abram tem 12 mil trabalhadores
filiados. O grupo que aderiu à
campanha de Maluf tem 25 mil
integrantes e, na mais recente manifestação, reuniu mil motoboys.
O combustível dos dois é o mesmo: a resistência que a prefeita e
candidata à reeleição, Marta Suplicy (PT), enfrenta no setor desde a fixação de regras para a prestação de serviços de motofrete, especialmente depois de 22 de abril,
quando começou a fiscalização.
Presidente do grupo de apoio ao
motociclista, José Geraldo Silva
diz ser filiado ao PT e conta que
apoiou Marta em 2000. Este ano,
fará campanha para o candidato
do PP. "Maluf prometeu acabar
com as taxas. Serra vai mantê-las.
Para nós, não interessa", disse.
Um dos interlocutores do PSDB
com a categoria, o candidato a vereador e ex-presidente nacional
do partido José Aníbal, diz que a
idéia é manter taxas para a regulamentação, desde que cobradas
das empresas. Não do motoboy.
Serra, porém, tem outro atrativo: a promessa de apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB) à
regulamentação da categoria no
Estado. No último mês, o coordenador de saúde da campanha tucana, Milton Flávio Marques, recebeu o presidente do Sindmmoto, Aldemir Martins, o Alemão.
Há duas semanas, o subsecretário de Segurança Pública, Moacir
Rossetti, reuniu-se com o sindicato para discutir a regulamentação,
incluindo a autorização de uso de
colete de segurança para serviços
de entrega e até mesmo a criação
de uma delegacia especializada
em roubo de motocicletas. Até
2002, o Sindmmoto era filiado à
CUT. Agora, é vinculado à CGT.
Segundo Martins, o sindicato é
favorável à regulamentação do setor, mas com taxas menores e arrecadação destinada ao benefício
do motoboy. Além disso, queixa-se, a gestão Marta demorou três
anos para a adoção das regras.
"Sou filiado ao PT e estou decepcionado. Temos um protocolo
de intenções com o governo do
Estado e estamos fechando, formalizando nosso apoio a Serra."
Queixando-se ainda da decisão
da prefeita de proibir reunião de
motociclistas na região do estádio
do Pacaembu e do projeto que
impede o uso da garupa, o presidente da Abram, Lucas Pimentel,
deve declarar apoio a Serra nesta
semana. Essa, diz, é a primeira vez
que a entidade se manifesta politicamente. Com o apoio de José
Aníbal, ele organiza um ato contra a aprovação na Câmara Municipal do projeto que veta a garupa.
Ruído das ruas
Os sindicatos parecem sintonizados com o ruído das ruas. Irritados com os custos (de cerca de
R$ 250) e o tempo exigido (de no
mínimo uma semana) para a obtenção de licença, os motoboys
prometem responder nas urnas.
"Acho que vou votar no Serra.
Tudo, menos a Marta", diz Rodrigo Dany Hernandez, 24. Na moto
ao lado, Cícero Amaral, 30, é eleitor de Maluf. "Ele é cara de pau,
mas faz alguma coisa". Também
estacionado em rua vizinha ao
cartório para o qual trabalham,
Monteval Batista dos Santos, 28,
se diz um ex-eleitor de Marta.
Deles, só Jefferson Gerena iniciou o processo de registro na prefeitura. Já gastou R$ 100 no curso
e com as certidões. Agora, faltam
outros R$ 150. Na porta de uma
loja de peças, Roberto Ramos Silva ironiza: "O único motoqueiro
que vota nela [Marta] é o Supla".
Não é à toa que tanta gente quer
pegar carona no movimento. Hoje, a frota de motos na cidade é de
472.337, contra 295.358 em 1997.
José Aníbal prega a valorização
dos motoboys. "A cidade não pode ver como inimigos 200 mil que
arriscam a vida no trabalho. Temos que criar uma convivência."
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