|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Não gosto deste "rouba,
mas faz", afirma taxista
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os taxistas de São Paulo já não
dão carona eleitoral facilmente
para Paulo Maluf (PP), como em
anos anteriores, mas também não
embarcaram de vez na prefeita
Marta Suplicy (PT). Dividida, a
categoria, que já foi uma das principais defensoras do ex-prefeito,
anda em marcha lenta quando o
assunto é a eleição municipal.
Numericamente, os taxistas até
que não representam muito. Segundo a prefeitura, são 32 mil na
cidade, enquanto os motoboys
somam cerca de 200 mil. Mas a
multiplicação de idéias, por conta
dos milhares de passageiros que
transportam diariamente, faz essa
categoria ter um certo poder na
influência do eleitorado. Quanto
mais novo o motorista, menos
propensão a votar em Maluf.
Por enquanto, a influência deste
profissional do volante, meio confessor, meio psicólogo, como definem alguns, está dividida. "Não
sou eleitor do Maluf", diz Carlos
Alberto Ferreira, 39, taxista há sete anos. Ele está dividido entre a
prefeita e o tucano José Serra.
"A Marta está fazendo um estrago nas vias da cidade, com tanta
obra ao mesmo tempo", aponta.
"Mas devo confessar que a administração dela me surpreendeu
positivamente", elogia. Ferreira
rejeita o axioma de que Maluf é o
candidato da categoria. "Não gosto desta coisa de "rouba, mas faz'",
diz, aludindo a um slogan popular
do tempo do ex-governador
Adhemar de Barros, que opositores querem afixar no ex-prefeito.
Colega de ponto de Ferreira, Alcides Hernandes, 46, taxista há 22
anos, é só elogio a Maluf, a quem
define como "o preferido da classe". Hernandes explica a admiração e o voto no ex-prefeito afirmando que "ele sempre ajudou os
motoristas". De que forma? "Aumentando a tarifa sem tanta burocracia, facilitando a aquisição
de carro quando foi governador."
Wagner Barbosa Lucena, 34, há
quatro anos dirigindo táxi, ainda
não se definiu, mas, pelo andar do
carro, pode acabar com Serra. "O
melhor, até então, dizem que é o
Serra", afirma. "O Maluf é um cabra bom, mas, pelo jeito, não vai
conseguir nada por causa das
acusações", avalia, a respeito das
denúncias contra o ex-prefeito.
Sobre a administração de Marta, Lucena também não tem convicção. "Quando terminarem as
obras que está fazendo, acho que
vai ser bom, mas do jeito que está,
a categoria tem sido prejudicada."
Decidido está Fernando Alves
Bezerra, 41. "No PT, não voto nem
nunca votei." Bezerra, que há 10
anos é taxista, critica o partido da
prefeita por ser "muito rigoroso".
Ele exemplifica dizendo que o
Departamento de Transporte Público da prefeitura impede os motoristas de trabalharem com "um
pneu meia-vida". Convicto na crítica ao PT, ele só não definiu seu
voto. Está entre Serra e Maluf.
Presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de São Paulo
há quase 20 anos, Natalício Bezerra (PTB), candidato a vereador,
reconhece que a categoria está dividida. "Antigamente, 90% eram
malufistas." Seu partido é da coligação que apóia Marta, mas nem
por isso ele diz em quem vota.
Texto Anterior: Contra Marta, "exército" de 200 mil motoboys vira alvo de Maluf e Serra Próximo Texto: Ex-prefeito tem seu maior índice entre autônomos Índice
|