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CAMPANHA EM CRISE
Em alguns Estados, candidatos aderem a Lula
Sem recursos financeiros, Garotinho perde o apoio de lideranças do PSB
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem recursos financeiros para
tocar a campanha, o ex-governador Anthony Garotinho (PSB)
perde cada vez mais apoio político dentro do próprio partido.
A palavra "equívoco" para descrever o lançamento da candidatura é cada vez mais ouvida entre
lideranças do PSB. Vários candidatos nos Estados já estão aderindo à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou se negam a pedir votos para o ex-governador.
Neste fim de semana, o diretório estadual do PSB do Ceará decidiu oficializar o apoio ao petista.
Em São Paulo, a deputada federal
Luiza Erundina, candidata à reeleição, se recusou a aparecer no
horário eleitoral gratuito pedindo
votos para Garotinho. "É um
equívoco manter a candidatura
depois da verticalização", diz.
O mesmo ocorreu no Rio, com
o deputado Jamil Haddad. "Não
estou na campanha da Rosinha
[candidata ao governo e mulher
do presidenciável] e do Garotinho. Acho que o partido está se
transformando numa legenda de
aluguel." Haddad não aceitou a
aliança estadual entre o PSB e o
PPB, declarou apoio a Lula e foi
excluído da propaganda na TV.
O ex-candidato ao governo de
São Paulo pelo PSB, Jacob Bittar, é
claro sobre por que abandonou a
candidatura: "Não queria uma
campanha de faz-de-conta, só para dar tempo na TV para a candidatura à Presidência".
O coordenador da campanha
de Garotinho, Márcio França, diz
que "essas pessoas estão se precipitando". "Como Heloísa Helena
[AL], que brigou com o PT e está
arrependida. Como Inocêncio
Oliveira [PFL], que se bandeou
para Ciro e agora que Serra deu
uma subidinha está querendo
voltar." Para ele, pouco antes da
eleição, todos os desertores estarão fazendo "o caminho de volta".
No Ceará, oitavo colégio eleitoral do país, com 4,8 milhões de
eleitores, a oposição a Garotinho é
oficial. O diretório estadual do
PSB já fechou com o candidato
petista, e a decisão agora será levada ao candidato do partido no
Estado, Wellington Landim, que
deverá seguir os companheiros de
legenda. O candidato ao Senado,
Deodoro Santana, já faz campanha aberta em favor de Lula.
"[A candidatura Garotinho] foi
um desastre sem dimensão, um
equívoco histórico que terá um
custo político muito forte para o
partido. Só espero que o partido
apoie a candidatura mais progressista, a de Lula", afirma o deputado Sérgio Novais (PSB-CE).
No Distrito Federal, o candidato
socialista Rodrigo Rollemberg
não anunciou apoio ao PT, mas se
nega a fazer campanha para Garotinho. Nos Estados, as candidaturas ao governo só estão em boa
posição nas pesquisas no Rio de
Janeiro e no Rio Grande do Norte.
Na Bahia, a deputada estadual
Lídice da Matta, que renunciou à
disputa estadual, tem evitado criticar Garotinho. Candidata à reeleição, ela compara, porém, a
campanha do PSB em seu Estado
à de partidos menores. "A nossa
candidatura [a governador] é como a do PCO, do PSTU. Ou seja, é
feita por dirigentes do partido que
defendem a idéia do partido", diz.
Lídice e Novais criticam a iniciativa de Garotinho de ter obrigado Erundina a vincular sua
campanha, na televisão, à do presidenciável. "O que estão exigindo da Erundina é um absurdo. No
conceito do horário eleitoral gratuito, deputado não deve fazer
propaganda de presidente."
O secretário nacional do PSB,
Carlos Siqueira, sai em defesa da
candidatura própria à Presidência. "Independentemente da candidatura presidencial, nossa estimativa é a de que faremos entre
25 e 28 deputados federais."
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