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PT estuda criar conselho de economistas caso vença
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT estuda a criação de um
conselho nacional de economistas para assessorar a Presidência
da República, em caso de vitória
de seu candidato, Luiz Inácio Lula
da Silva.
Seria uma forma de emprestar
ao governo petista a credibilidade
junto ao mercado que o candidato tanto busca e que tem histórica
dificuldade em conseguir.
O conselho, que seria implantado já durante o período de transição, teria a função de oferecer
diagnósticos e alternativas ao presidente. A composição giraria em
torno de algo como dez economistas, misturando "notáveis"
oriundos da academia e do mercado. Não haveria veto a que ex-diretores do Banco Central e mesmo ex-ministros o componham.
A idéia é que a maioria desses
economistas esteja fora dos quadros do PT, mas afinados com a
orientação geral do governo.
A tese de criar o conselho existe
entre os economistas do núcleo
dirigente da campanha. Lula ainda não se posicionou formalmente, mas chegou a mencionar a
idéia em entrevista ao "Bom Dia
Brasil", da Rede Globo, na semana passada.
O formato exato e a composição
do conselho só seriam definidos
após a eventual vitória de Lula.
Alguns princípios básicos que o
norteariam já são consensuais no
comando da campanha de Lula,
no entanto.
Seria interessante, na visão do
partido, que pelo menos um dos
integrantes fosse de uma linha
ideológica diferente da seguida
pelo PT.
"Este conselho seria a antena
econômica do governo, analisando fatos de grande repercussão e
sugerindo caminhos e procedimentos", diz Guido Mantega,
principal assessor econômico de
Lula. O modelo a ser seguido seria
o dos EUA, onde há um conselho
econômico para assessorar a Casa
Branca.
Nenhum economista foi até
agora sondado ou convidado.
Dentro do partido menciona-se
apenas alguns nomes que teriam
perfil para fazê-los "candidatos
naturais" ao conselho.
São exemplos os professores da
Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo
e Luciano Coutinho, que integraram o governo José Sarney e colaboraram com documentos econômicos do Instituto Cidadania
(a ONG de Lula).
Do mercado financeiro, poderiam fazer parte Pedro Barbosa,
ex-ING Bank, que tem aconselhado o grupo de economistas do
partido, e o presidente da Bovespa, Raymundo Magliano Filho,
que ciceroneou o petista em recente visita à instituição.
O ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero (governo Itamar
Franco), bastante admirado pelo
núcleo lulista atualmente, também é lembrado como possível
conselheiro de um governo Lula,
assim como o secretário das Finanças de São Paulo, João Sayad
-caso não acabe virando ministro numa gestão petista.
Há quem tenha sugerido inclusive o nome do atual presidente
do Banco Central, Armínio Fraga,
que é respeitado na cúpula petista. Politicamente, sua participação, ao menos num primeiro momento, seria complicada, no entanto.
Objetivos
O objetivo declarado do Conselho seria o de "aumentar a interlocução do governo com a sociedade", dentro do espírito do marketing de campanha de Lula, que é o
de se apresentar como um "negociador".
A instância não teria funções
Executivas e se reuniria periodicamente para preparar análises
para o presidente.
Há uma motivação não confessada, que seria a de solucionar um
problema crônico para o partido,
que é a escassez de quadros econômicos de credibilidade junto ao
mercado.
Outro dos porta-vozes econômicos do PT, Aloizio Mercadante,
sugere que os componentes do
conselho sejam aprovados pelo
Congresso. "Seria algo nos moldes de outros conselhos de Estado
já existentes, como o Conama [de
Meio Ambiente]", diz ele, autor
de projeto de lei sobre o tema.
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