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GOVERNADORES
MARANHÃO
Prestes a completar 38 anos no poder, família usa horário na TV e grupo de comunicação para tentar reverter quadro
Derrota no 1º turno ameaça "clã Sarney"
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O grupo familiar e político liderado pelo senador e ex-presidente
da República José Sarney (PMDB-AP) está para completar 38 anos
no governo do Maranhão. A 28
dias das eleições, o clã encara a
possibilidade de ter que passar a
faixa para a oposição -que tem
chances de vencer ainda no 1º turno-, situação que acirrou os ânimos da campanha no Estado.
A disputa está polarizada entre
o ex-prefeito da capital São Luís
Jackson Lago (PDT), 67, e o sarneyzista e atual governador, José
Reinaldo Tavares (PFL), 63, que
assumiu o posto em abril depois
da desincompatibilização de Roseana Sarney -pefelista filha do
ex-presidente.
De acordo com pesquisa do
Ibope divulgada na quarta-feira,
Lago tem 41% das intenções de
voto contra 44% de todos os outros candidatos somados, sendo
que Tavares conta com 32%.
A possibilidade de derrota ainda em um primeiro turno levou as
várias esferas maranhenses atreladas aos Sarney -que é senador
pelo Amapá porque o PMDB-MA
não lhe deu legenda quando ele
disputou a eleição- a iniciarem
uma reação em cadeia, o que ficou
evidente com o horário eleitoral.
Nele, o clã transgride a legislação eleitoral e usa boa parte do
horário reservado à apresentação
dos candidatos a deputado federal da coligação para atacar Lago,
mostrando supostas irregularidades que o rival teria cometido.
O minúsculo PRP, aliado a Tavares, nem chegou a apresentar
candidatos. No lugar, era veiculado um filme com acusações de
que Lago teria malversado dinheiro da companhia de limpeza
urbana. No final, o locutor dizia:
"Vote nos candidatos do PRP".
As atitudes já causaram diversas
punições por parte do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), inclusive a Lago, que também se utilizou
do tempo dos deputados para se
defender das acusações.
A Câmara de São Luís, presidida
por Ivan Sarney, irmão do ex-presidente, finaliza preparativos para
instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar
as suspeitas de irregularidades na
administração do pedetista. As
acusações foram levantadas pelo
vereador Pedro Celestino (PV),
ex-líder de Lago da Casa, hoje
aliado de Tavares.
O rol de acusações dos adversários contra o candidato da Frente
Trabalhista, que inclui também
dispensa de licitação, favorecimento de empresas e desvios de
repasses, são noticiados com destaque no sistema de comunicação
Mirante, da família Sarney, que
inclui a maior TV (retransmissora
da Rede Globo), rádio e jornal ("O
Estado do Maranhão").
O ex-prefeito nega todas as acusações. "É sinal de desespero.
Quando a gente denuncia, ataca,
eles dizem que é baixaria. Agora,
eles estão apelando, sem nenhum
critério, acusam qualquer um de
qualquer coisa", diz o deputado
estadual tucano Aderson Lago
(que não é parente do ex-prefeito), que se opõe a Sarney.
A ativação do rolo compressor
na campanha sarneyzista tem um
motivo sólido, além da hipotética
liquidação da disputa no 1º turno:
o pedetista tem a tendência de receber o apoio dos outros candidatos (que somam 12% das intenções) em um segundo turno.
"A gente tem que ganhar com
os votos de quem vota, não de
quem acha que dirige os votos",
disse o coordenador de comunicação da campanha de Tavares,
Sérgio Macedo. Segundo a assessoria do ex-presidente Sarney, ele
não falaria sobre o caso, mas ratifica as informações de Macedo.
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