|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Arrecadação cresceu progressivamente para FHC, de 18,53% do PIB para 24,38%; ano que vem a receita cai
Orçamento é o mais apertado desde 1995
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo do presidente eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva, terá em
seu primeiro ano de mandato o
Orçamento mais "apertado" do
período 1995-2003. Queda de receita, aumento de despesas obrigatórias e redução da capacidade
de investimento compõem a herança orçamentária a ser deixada
por Fernando Henrique Cardoso.
Dados do Ministério do Planejamento sobre a evolução das receitas mostram que a arrecadação
total da União cresceu progressivamente na era FHC. De 1995 até
este ano, a receita pulou de
18,53% do PIB (Produto Interno
Bruto) para 24,38%. O primeiro
ano do governo Lula, no entanto,
amargará uma queda de receita
de 1,19% do PIB na comparação
com 2002, segundo as informações do Planejamento.
"O Orçamento do ano que vem
está muito próximo do deste ano.
O que aliviou um pouco a situação em 2002 foram as receitas extraordinárias, arrecadadas principalmente nesses últimos meses",
disse o secretário de Orçamento
Federal, Hélio Tollini.
Na avaliação do secretário, mesmo a reestimativa de receitas do
Orçamento já realizada pelo Congresso e a aprovação de fontes como a manutenção da alíquota do
Imposto de Renda da Pessoa Física em 27,5% não conseguirão
equiparar a arrecadação de 2003 à
deste ano.
O quadro de restrição orçamentária não é resultado apenas da
queda das receitas. As despesas
obrigatórias do governo federal,
como gastos da Previdência Social e pagamento de pessoal, ficarão praticamente estáveis entre
2002 e 2003. Despesas da Saúde e
da Educação, que são em grande
parte obrigatórias, também serão
mantidas no mesmo nível.
Ao longo do governo Fernando
Henrique, porém, as despesas
obrigatórias passaram a consumir uma parcela cada vez maior
do Orçamento, diminuindo a
margem de manobra do governo
na administração de recursos.
Na Previdência Social (iniciativa privada e setor público), os
gastos aumentaram 1,88% do PIB.
O aumento real (a preços médios
de 2001) foi de R$ 23 bilhões no
período 1995-2003.
"As despesas da Previdência são
um grande motivo de preocupação. Por isso, o PT já vem colocando a necessidade de fazer uma reforma previdenciária", comentou
o secretário.
Custeio e investimento
Mas o aumento dos gastos obrigatórios ao longo dos últimos
anos não se repetiu nas chamadas
"despesas discricionárias" - gastos em que o governo é livre para
administrar sua política fiscal. Por
estar impedindo de cortar despesas obrigatórias, o governo vem
enxugando o Orçamento com a
redução dos gastos livres, que
abrangem custeio da máquina
administrativa e investimentos.
Principalmente a partir de 1998
-ano do início do ajuste fiscal
negociado com o FMI (Fundo
Monetário Internacional)-, as
despesas de custeio e investimento desenvolveram uma trajetória
minguante. E continuarão assim
no ano que vem.
Os investimentos, que em 1995
contaram com R$ 7,2 bilhões, no
próximo ano estarão limitados a
R$ 5,8 bilhões -ambos os montantes em preços médios de 2001.
Desconsiderando esse critério, o
valor previsto no Orçamento do
ano que vem é de R$ 7,2 bilhões.
"No Orçamento deste ano, os
investimentos ficaram com R$ 11
bilhões. Esse é um sinal de como o
Orçamento de 2003 será apertado", enfatizou Tollini. O secretário acrescentou que, diferentemente do que se diz, o governo
FHC fez ajuste fiscal não só com o
aumento de carga tributária. "Fez,
sim, ajuste fiscal do lado da despesa, cortando investimentos, por
exemplo".
Nas despesas de custeio da máquina, a redução de gastos superou 20%, apontam os dados do
Ministério do Planejamento.
Para o secretário do Orçamento, pela primeira vez em vários
anos, o tratamento que o Congresso Nacional tem reservado à
proposta orçamentária de 2003
pode ser classificado de "criterioso" e "cauteloso".
"Até agora, a reestimativa [de
arrecadação" feita pela Comissão
de Orçamento é muito parecida
com as projeções que estamos fazendo para o ano que vem", comentou. O Orçamento deverá ser
votado no plenário do Congresso
entre os dias 18 e 19.
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Congresso e TCU querem R$ 36 mi para fazer obras Índice
|