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"Não vivi num campo, mas em um presídio"
DA FOLHA VALE
""Não vivi em um campo de
concentração. Acho que não. Mas
em um presídio, sim."
Assim define o ex-aprendiz do
Windhuk Horst Jüdes o período
em que esteve no campo de concentração de Guaratinguetá.
Assim como os demais prisioneiros, ele conta que, na época, foi
isolado e proibido de enviar mensagens para familiares na Alemanha. No início da viagem, ele tinha apenas 16 anos. Embora tenha sido obrigado a trabalhar na
lavoura, ele diz acreditar que a vida nos campos de concentração
do Brasil era melhor do que na
Alemanha durante a guerra.
""Depois que tudo acabou, o país
era bom, as pessoas bonitas e a
natureza impressionante. Quase
todo mundo acabou ficando porque aqui havia mais chance de sobrevivência do que na Alemanha
do pós-guerra", afirma ele, que
ainda carrega um sotaque forte
alemão, mas se diz brasileiro por
adoção. Como conseguiu um emprego para se sustentar, escreveu
uma carta para a família avisando
que não ia voltar mais.
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