São Paulo, domingo, 08 de dezembro de 2002

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FHC recebe prêmio e evita ser "sombra" para Lula nos EUA

ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso se despede do cenário internacional amanhã, em Nova York, com um discurso que é ao mesmo tempo uma defesa das suas políticas sociais e um balanço da atuação do seu governo para o desenvolvimento humano.
Acompanhado de 23 parlamentares, inclusive o senador José Serra (PSDB-SP), candidato derrotado à sua sucessão, o presidente receberá o prêmio Mahbub ul Haq por Contribuição Destacada ao Desenvolvimento Humano, concedido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A atriz Regina Duarte também integra a comitiva. O nome da atriz da TV Globo consta da lista de pessoas que compõem a delegação designada por decreto de FHC, com despesas pagas pelo poder público. Durante a campanha, Regina Duarte causou polêmica ao gravar participação na propaganda eleitoral gratuita do candidato tucano, na qual declarou ter medo de que o petista Luiz Inácio Lula da Silva fosse eleito.

"Sombra"
Para "não fazer sombra" a Lula, que estará na mesma semana em Washington (entre os dias 9 e 11), FHC recusou convites para discursar em três entidades: a Câmara de Comércio Brasil-EUA, o Council of America e o Council on Foreign Relations.
A agenda será restrita à cerimônia do prêmio, à recepção na casa do embaixador brasileiro na ONU (Organização das Nações Unidas), Gelson Fonseca, seu ex-assessor na Presidência, e a um encontro com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. A conversa com Annan pode definir parte da rotina de FHC após o governo.
Durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +10), em Johannesburgo (África do Sul), em setembro, Annan convidou o presidente para colaborar com a organização. Ele deve responder que aceita participar de comissões para discutir globalização, pobreza e desenvolvimento sustentável, sem vínculos burocráticos ou operacionais.

Comunicado
No comunicado à imprensa sobre o prêmio a FHC, Annan escreveu que "a permanente dedicação do presidente Cardoso ao progresso humano e a sua liderança democrática no Brasil elevaram o padrão pelo qual a prática da governança pode ser julgada em toda a América Latina."
No discurso de agradecimento, que FHC escreveu pessoalmente, ele vai destacar três eixos que considera vitoriosos no seu governo: "modernização econômica", com estabilidade e ajustes fiscais, "avanço tecnológico", em função das reformas e das privatizações, e "transformação social", com programas de educação, combate ao trabalho infantil e à Aids.
Segundo o PNUD, FHC ganhou o prêmio por causa desses programas e pela atuação na reforma agrária, diminuição da população abaixo da linha de pobreza, instalação da Comissão Especial sobre Desaparecidos Políticos e pelo valor do salário mínimo.
O nome do prêmio, Mahbub ul Haq, é uma homenagem ao economista paquistanês que instituiu o Relatório Global sobre Desenvolvimento Humano, que orientou o Brasil na escolha dos 2.361 municípios mais pobres atendidos pelo Projeto Alvorada, de combate à miséria. Um dos cinco especialistas que escolheram FHC é o economista americano Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de economia em 2000 e reconhecido crítico da globalização.

Comitiva
A comitiva de FHC é uma das maiores já registradas em suas viagens internacionais. Inclui, além dos parlamentares da base aliada (PSDB, PMDB, PFL e PPB), o ministro da Educação, Paulo Renato Souza. FHC chegaria no sábado a Nova York e embarca de volta às 21h de terça-feira.


Colaborou a Redação


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