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FHC recebe prêmio e evita ser "sombra" para Lula nos EUA
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso se despede do cenário internacional amanhã, em Nova York, com um discurso que é
ao mesmo tempo uma defesa das
suas políticas sociais e um balanço da atuação do seu governo para o desenvolvimento humano.
Acompanhado de 23 parlamentares, inclusive o senador José
Serra (PSDB-SP), candidato derrotado à sua sucessão, o presidente receberá o prêmio Mahbub ul
Haq por Contribuição Destacada
ao Desenvolvimento Humano,
concedido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A atriz Regina Duarte também
integra a comitiva. O nome da
atriz da TV Globo consta da lista
de pessoas que compõem a delegação designada por decreto de
FHC, com despesas pagas pelo
poder público. Durante a campanha, Regina Duarte causou polêmica ao gravar participação na
propaganda eleitoral gratuita do
candidato tucano, na qual declarou ter medo de que o petista Luiz
Inácio Lula da Silva fosse eleito.
"Sombra"
Para "não fazer sombra" a Lula,
que estará na mesma semana em
Washington (entre os dias 9 e 11),
FHC recusou convites para discursar em três entidades: a Câmara de Comércio Brasil-EUA, o
Council of America e o Council
on Foreign Relations.
A agenda será restrita à cerimônia do prêmio, à recepção na casa
do embaixador brasileiro na
ONU (Organização das Nações
Unidas), Gelson Fonseca, seu ex-assessor na Presidência, e a um
encontro com o secretário-geral
da ONU, Kofi Annan. A conversa
com Annan pode definir parte da
rotina de FHC após o governo.
Durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável
(Rio +10), em Johannesburgo
(África do Sul), em setembro, Annan convidou o presidente para
colaborar com a organização. Ele
deve responder que aceita participar de comissões para discutir
globalização, pobreza e desenvolvimento sustentável, sem vínculos burocráticos ou operacionais.
Comunicado
No comunicado à imprensa sobre o prêmio a FHC, Annan escreveu que "a permanente dedicação
do presidente Cardoso ao progresso humano e a sua liderança
democrática no Brasil elevaram o
padrão pelo qual a prática da governança pode ser julgada em toda a América Latina."
No discurso de agradecimento,
que FHC escreveu pessoalmente,
ele vai destacar três eixos que considera vitoriosos no seu governo:
"modernização econômica", com
estabilidade e ajustes fiscais,
"avanço tecnológico", em função
das reformas e das privatizações,
e "transformação social", com
programas de educação, combate
ao trabalho infantil e à Aids.
Segundo o PNUD, FHC ganhou
o prêmio por causa desses programas e pela atuação na reforma
agrária, diminuição da população
abaixo da linha de pobreza, instalação da Comissão Especial sobre
Desaparecidos Políticos e pelo valor do salário mínimo.
O nome do prêmio, Mahbub ul
Haq, é uma homenagem ao economista paquistanês que instituiu
o Relatório Global sobre Desenvolvimento Humano, que orientou o Brasil na escolha dos 2.361
municípios mais pobres atendidos pelo Projeto Alvorada, de
combate à miséria. Um dos cinco
especialistas que escolheram FHC
é o economista americano Joseph
Stiglitz, prêmio Nobel de economia em 2000 e reconhecido crítico
da globalização.
Comitiva
A comitiva de FHC é uma das
maiores já registradas em suas
viagens internacionais. Inclui,
além dos parlamentares da base
aliada (PSDB, PMDB, PFL e PPB),
o ministro da Educação, Paulo
Renato Souza. FHC chegaria no
sábado a Nova York e embarca de
volta às 21h de terça-feira.
Colaborou a Redação
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