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INVESTIGAÇÃO
Comissão requisitou ao Ministério Público documento que mostra assinatura de ex-prefeito em conta na Suíça
CPI do Banestado deve convocar Maluf
EDUARDO SCOLESE
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI do Banestado deve convocar Paulo Maluf (PP) para depor e já decidiu requisitar ao Ministério Público, na terça-feira, o
documento que mostra a assinatura do ex-prefeito paulistano como beneficiário de conta corrente
em Genebra (Suíça). Caso os promotores rejeitem o pedido, a comissão irá solicitá-lo à Justiça.
Segundo o presidente da comissão, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), um requerimento que pede a convocação de Maluf (prefeito de 1993 a 1996) deve
ser votado nesta semana. O pedido da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) está parado na CPI
desde o final do ano passado.
"Vou requisitar os documentos
ao Ministério Público logo na terça-feira pela manhã. Tenho certeza que esse assunto deve ser tratado na CPI, por isso não acredito
que alguns integrantes [da comissão] se coloquem contrários à
convocação [de Maluf]", disse ontem o presidente da CPI -instalada em junho de 2003 para apurar desvios de dinheiro para o exterior por meio do Banestado
(Banco do Estado do Paraná).
"Os papéis divulgados pela imprensa são indícios significativos
que merecem ser aprofundados,
inclusive com a oitiva [depoimento]", afirmou o relator da comissão, deputado José Mentor (PT-SP). Ele afirmou que vai esperar a
chegada dos papéis para decidir
pela convocação de Maluf.
Na edição de 10 de junho de
2001, a Folha revelou a existência
dos depósitos em nome de Paulo
Salim Maluf e seus familiares na
ilha de Jersey, paraíso fiscal no canal da Mancha. Em ofício enviado
ao Brasil, em agosto de 2001, o governo da Suíça confirmou que
Maluf tinha dinheiro no país, mas
o transferiu para Jersey em 1997.
Documentos exibidos anteontem pelo "Jornal Nacional", da
Rede Globo, mostram a assinatura de Maluf como beneficiário de
uma conta corrente na Suíça. O
programa exibiu um cartão de
abertura da conta no qual consta a
rubrica atribuída a Maluf. Essa
conta foi aberta em 5 de julho de
1985, no Citibank de Genebra, na
Suíça. A conta tinha o nome de
Blue Diamond, que em junho de
1994 foi alterado para Red Ruby.
Essa conta foi mantida até janeiro
de 1997. A edição da revista "Veja" que chegou ontem às bancas
traz também um extrato bancário
da movimentação da Red Ruby,
que registra que, em 20 de junho
de 1995, a conta recebeu depósitos
que somam US$ 345 milhões.
O ex-prefeito sempre negou que
ele ou parentes tivessem conta na
Suíça. Paes de Barros admite que,
neste caso, o papel da CPI seria invertido: "Normalmente, o CPI
apresenta um trabalho final ao
Ministério Público. Agora, porém, faríamos o caminho contrário, pedindo documentos aos
promotores". Mas o presidente
da comissão disse que um eventual depoimento de Maluf na CPI,
numa bateria de questões de deputados e senadores, será "muito
útil" ao Ministério Público, assim
como tem sido, segundo ele, em
relação ao ex-prefeito Celso Pitta.
No último dia 4, sob a acusação
de desacatar o presidente da CPI,
Pitta foi preso (e liberado horas
depois) quando prestava depoimento na comissão. Ele é suspeito
de desviar dinheiro público e de
movimentar contas no exterior.
Pitta, que sucedeu Maluf na prefeitura, nega as acusações.
Desde que foi instalada, a CPI já
colheu cerca de 150 depoimentos,
quebrou os sigilos bancário, fiscal
e telefônico de 1.200 pessoas físicas e jurídicas. A CPI repassou à
Receita Federal o sigilo de 450 mil
operações bancárias por meio de
contas CC5 entre 1996 e 2002.
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