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FUNCIONALISMO
Greve de servidores federais pode ocorrer logo no início do mandato
500 mil devem pressionar novo governo por reajuste
SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O próximo presidente da República poderá enfrentar logo no início do mandato uma greve do
funcionalismo público federal.
Segundo os sindicatos que representam a categoria, a probabilidade de greve é maior caso José Serra (PSDB) seja eleito. Eles esperam mais negociação por parte de
eventuais governos de Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) e de Anthony
Garotinho (PSB) e consideram
Ciro Gomes (PPS) uma incógnita.
A pressão sobre o próximo presidente será feita principalmente
pelos 500 mil servidores que fazem parte do PCC (Plano de Classificação de Cargos), que desde
1995 receberam reajuste de apenas 3,5%. O quadro completo do
governo federal é de 1,3 milhão de
servidores civis.
As principais reivindicações dos
servidores para o próximo governo são um reajuste de 94,76%, incorporação das gratificações e implementação de um plano de carreira. Esse reajuste representaria
um acréscimo anual de quase R$
60 bilhões à folha de pagamento,
que hoje é de R$ 65,7 bilhões.
Os sindicalistas avaliam que um
reajuste de 94,76% é bastante difícil, até mesmo em um governo
petista. Para eles, o mais importante é que o próximo governo,
seja qual for, abra um canal de negociação e que se disponha, mesmo que gradativamente ou parcialmente, a repor as perdas.
A Condsef, entidade que representa os servidores federais, prepara um cronograma com previsão de plenárias em janeiro e fevereiro e greve em abril, caso o novo
presidente não abra negociação.
Caso o vencedor seja Serra, a
possibilidade de se deflagrar uma
greve será maior porque os funcionários supõem que ele manterá a mesma política salarial do
presidente Fernando Henrique
Cardoso, que durante quase sete
anos não concedeu nenhum reajuste linear aos servidores do PCC
nem recebeu os representantes da
categoria para negociar.
Uma eventual greve não seria
geral, já que algumas carreiras ligadas à gestão de políticas públicas nas áreas jurídica, de fiscalização e relações internacionais tiveram reajustes no governo FHC
que variaram de 10% a mais de
200%. Essa parte do funcionalismo chega a 408 mil, entre ativos,
inativos e pensionistas, segundo o
Ministério do Planejamento.
No ano passado, uma greve geral dos servidores reivindicou reajuste de 75,48% para compensar
as perdas acumuladas de 1995 a
2000. O resultado foi um reajuste
linear de 3,5%, calculado com base na inflação prevista pelo Banco
Central para este ano.
Categorias como a dos professores universitários e a dos servidores da saúde também estudam
retomar greves no próximo governo, acenam Vladimir Nepomuceno, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social, e o presidente do Andes, (Sindicato dos
Docentes das Instituições de Ensino Superior), Luís Carlos Lucas.
Os sindicatos de funcionários
públicos imaginam que, caso eleito, Lula abra negociação para repor as perdas salariais. Mas não
descartam uma greve num eventual governo petista, se a expectativa de negociação se frustrar.
Os sindicalistas mantêm expectativa semelhante diante da possibilidade de vitória de Garotinho,
baseada nas experiências dos funcionários com ele na Prefeitura de
Campos e no governo do Rio.
Ciro é considerado uma incógnita por boa parte dos sindicalistas, porque, apesar de atualmente
pertencer a um partido de esquerda, tem passado governista.
Apesar da boa expectativa em
relação a Lula e Garotinho, os sindicatos acham que o próximo governo ficará engessado pela Lei de
Responsabilidade Fiscal e terá
pouca margem de manobra para
realizar grandes mudanças na remuneração dos servidores.
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