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Lula vai reparar UNE por incêndio na ditadura
Governo vai reconhecer responsabilidade do Estado na destruição de sede em 64 e deve contribuir em obra
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em tempos de ânimos acirrados entre militares e integrantes do Executivo, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva planeja assinar na próxima terça, no
Rio, projeto de lei que reconhece a responsabilidade do Estado brasileiro no incêndio e demolição da sede da UNE (União
Nacional dos Estudantes),
ocorridos durante a ditadura.
O anúncio, desde já classificado como "momento histórico" pelos estudantes, está previsto para ocorrer no terreno
na praia do Flamengo onde
funcionava a sede da instituição até o dia 1º de abril de 1964,
quando o prédio foi incendiado
por militares, após a deposição
do presidente João Goulart.
A estrutura depois foi demolida, em 1980, no governo de
João Baptista Figueiredo.
Além do reconhecimento político, o governo pretende bancar parte dos gastos da nova sede, um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer doado à instituição. No final do ano passado, a
UNE orçou os custos do prédio
de 13 andares e de um centro
cultural em aproximadamente
R$ 40 milhões. Lula recebeu a
instituição três vezes desde
2007 para acertar a ajuda.
Apesar da disposição de contribuir financeiramente com a
obra, até ontem a área técnica
do governo ainda analisava a
melhor forma de fazê-lo.
Os estudantes estão em campanha pela reconstrução da sede há anos. Eles dizem ter recolhido 340 assinaturas de deputados e 48 de senadores em
apoio à iniciativa.
No texto enviado pela entidade para comunicar à imprensa
o ato de terça, a presidente da
UNE, Lúcia Stumpf, comemora. "O mesmo Estado que destruiu a sede das entidades estudantis, tradicional reduto político e cultural da juventude
brasileira, está agora, 40 anos
depois, reparando os danos
causados, devolvendo aos estudantes aquilo que lhes foi tirado e que lhes é de direito."
O mal-estar entre membros
do governo e militares teve início há poucos dias, quando os
ministros Tarso Genro (Justiça) e Paulo Vanucchi (Direitos
Humanos) convocaram um seminário no qual a tese de revisão da Lei de Anistia, de 1979,
voltou a ser discutida.
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