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OUTRO LADO
Governador não fala sobre parentes
DA REPORTAGEM LOCAL
Por meio de seu assessor especial José Benedito Pires Trindade,
o governador do Paraná, Roberto
Requião (PMDB), informou à Folha que não falaria sobre a contratação de parentes em seu governo. Trindade não explicou a razão
pela qual o governador decidiu
não se manifestar sobre o assunto.
"Sem comentários", respondeu.
Sobre seus próprios parentes
empregados (um irmão e uma sobrinha), Trindade afirmou que
eles são qualificados para ocupar
os cargos: "Eu até fui surpreendido com a escolha do meu irmão".
Requião já foi protagonista de
duas reportagens sobre nepotismo, em escala muito menor. Em
1997, com verbas do Senado, ele
contratou o irmão Eduardo como
assessor técnico do escritório que
tinha no Paraná. Na época, o então senador disse que "nepotismo
é contratar vagabundo, parente
ou não". Em 1999, ele contratou
no gabinete o outro irmão, Maurício. Na época, ele criticou o jornal: "Acho que a Folha está prestando novamente um desserviço
ao mexer em um moralismo sórdido/udenista quando o país está
desabando pelas bordas. Eu repudio e repilo esse tipo de moralismo udenista de quinta categoria".
O vice-governador, Osvaldo
Pessuti, e sua mulher, Regina, não
foram localizados para falar sobre
o assunto. Estavam em viagem de
trabalho no interior do Estado.
Seu assessor, Nildo Lubke, disse
que Regina é engenheira química
e advogada e, além dessas especialidades, acompanha todas as
"reuniões técnicas" no gabinete.
Procurado por três dias, o chefe
da Casa Civil, Caíto Quintana, não
se manifestou. Seu assessor afirmou que ele estava em viagem pelo interior. Seu irmão, Ailton Fucilini, primeiro disse que não tinha "nada a dizer". Depois, afirmou que só falaria pessoalmente
-o repórter estava em São Paulo.
Um cunhado de Quintana, Lourival Stadler, disse que sua escolha
para chefiar a Cohapar em Ponta
Grossa deveu-se à experiência "de
mais de dez anos no ramo e no direito imobiliários". O presidente
da Cohapar, Luiz Romanelli, disse
que a escolha de seus parentes foi
pautada pelo critério técnico.
O secretário de Transportes
Waldyr Pugliese, disse que a nomeação do sobrinho para a chefia
do gabinete também se deveu à
militância política de ambos: "É
um ótimo executivo e um companheiro político". Ele disse que as
funções do sobrinho também dão
a Luiz uma "visibilidade para a
eleição" a uma prefeitura que ele
pretende concorrer no interior.
O argumento da capacitação
técnica foi levantado pelo secretário de Comunicação Social, Airton Pissetti, para explicar as contratações de dois sobrinhos e uma
filha. Sobre um dos sobrinhos,
Pissetti disse que ele é "almoxarife", com vencimentos de "mil e
poucos reais". Pissetti disse que
sua filha, Vanessa, foi escolhida
para um cargo na Secretaria de
Saúde porque já foi secretária de
Saúde de Campo Magro (PR), na
região metropolitana de Curitiba.
Um sobrinho do governador,
João José de Arruda Júnior, disse
por e-mail que foi escolhido porque "prevaleceu o critério técnico.
O convite para a ocupação do cargo partiu do presidente da Paraná
Esporte, Ricardo Gomyde".
O primo de Requião empregado na Ferroeste, Heitor Wallace
de Mello e Silva, disse que foi escolhido pela capacidade técnica.
Ele presidiu o Banestado na primeira gestão do governador (91-94) e atuou no setor financeiro da
campanha de Requião em 2002.
O secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari,
disse que foi escolhido para o cargo pela Procuradoria Geral de
Justiça, após um pedido por escrito do governador, que queria um
"representante dos promotores".
Delazari disse que nada teve a ver
com a escolha de seu pai, Luiz
Carlos, para a secretaria especial
da Corregedoria e Ouvidoria Geral. O ouvidor não foi encontrado.
Sobrinho de Requião, Paikan
Mello e Silva disse, pelo telefone,
que responderia às questões por
e-mail, mas não houve resposta à
mensagem enviada logo depois.
Danielle de Mello e Silva, localizada, disse que daria retorno ao
pedido de entrevistas, mas isso
não havia ocorrido até ontem.
As assessorias dos irmãos
Eduardo e Maurício foram procuradas, mas não houve resposta ao
pedido de entrevista. A cunhada
de Requião, Mariane Quarenghi,
a irmã do governador, Lúcia Arruda, o irmão do chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, Odoni Adalberto Quintana, não foram localizados para falar sobre o assunto.
O diretor do Procon, Algaci Ormário Tulio, foi procurado na
sexta-feira, mas sua assessoria informou que ele estava internado
num hospital, em uma UTI, com
um sério problema cardíaco.
Também não foram localizados
o presidente da Copel, Paulo Pimentel, e o secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do
Mercosul, Luiz Mussi.
(RV)
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