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ELEIÇÕES 2008 / LEGISLATIVO
"Centrão" reúne 10 dos 15 mais ricos da Câmara paulistana
Grupo multipartidário com 20 vereadores tem cargos na prefeitura e atua de forma decisiva na votação de projetos
Maioria de projetos na Casa precisa de ao menos 28 votos para ser aprovada, fazendo com que votos do "centrão" se tornem indispensáveis
FERNANDO BARROS DE MELLO
JOSE ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Um partido sem sigla, mas
com cargos na administração
paulistana, poder de decisão no
principal Legislativo municipal
do país e até código de ética
próprio. Esse é o resultado da
união de 20 parlamentares que
se auto-intitulam "centrão" e
que são o fiel da balança na Câmara de São Paulo.
O grupo reúne vereadores de
PR, PV, PTB, DEM, PP, PSB e
PMDB. Entre esses parlamentares, estão alguns dos nomes
com os maiores patrimônios da
Casa. Segundo dados entregues
ao TRE (Tribunal Regional
Eleitoral), dos 15 "mais ricos",
10 são do "centrão".
A maior parte dos projetos
precisa de ao menos 28 votos
para ser aprovada na Câmara,
fazendo com que os votos do
"centrão" se tornem indispensáveis. Daí vem o poder deles.
"Ninguém consegue aprovar
sem nosso apoio. E tudo caminha para que seja assim na próxima legislatura. Com isso, o
Legislativo é independente das
principais forças, PT e PSDB",
afirma Milton Leite (DEM).
"Uma andorinha só não faz verão. Eles jogavam com nosso
rompimento e briga. Passaram
três anos e o "centrão" continua
reunido e sendo voto decisivo",
diz o presidente da Casa, Antônio Carlos Rodrigues (PR).
Eles lembram que o sucesso
vem da "coesão", que inclui um
código de ética informal, que
veta "traições" ou vazamento
de informações dos acordos.
Alguns vereadores aproveitam para pressionar o Executivo por aprovação de projetos
ou "posição" na prefeitura.
Antes da eleição, os principais líderes do grupo foram assediados pelos três mais fortes
candidatos -Gilberto Kassab
(DEM), Marta Suplicy (PT) e
Geraldo Alckmin (PSDB). Rodrigues comandou as negociações com Kassab e Marta.
Eleição
O "centrão" nasceu em 6 de
outubro de 2004, em um jantar
realizado dois dias após o primeiro turno da eleição. Seus
membros, no entanto, já se conhecem há muitos anos.
O primeiro desafio do grupo
foi a eleição para a presidência
da Câmara de janeiro de 2005.
Após tentarem apoiar outros
nomes, elegeram Roberto Tripoli, então do PSDB, derrotando o candidato do então prefeito, José Serra (PSDB), o tucano
Ricardo Montoro. Foi a primeira vez, desde 1992, que um parlamentar não-alinhado ao Executivo chegou ao comando.
Vereadores do "centrão" dizem que foram "traídos" por
dois colegas, Bispo Atílio (PRB)
e Jorge Borges (PP). O caso ficou imortalizado na caricatura
do "Centrão Futebol Clube"
(veja nesta página), quadro encomendado por Adilson Amadeu (PTB). No desenho, os
"traidores" estão indo para o
vestiário, enquanto Carlos
Apolinário (DEM), de fora oficialmente do grupo, aguarda
para entrar no time.
No dia da eleição, após saber
que havia perdido os dois votos,
o "centrão" tentou fazer com
que um dos desistentes ficasse
em casa "doente". Encontrado,
ele chegou à Câmara de cadeira
de rodas e teve de pegar paletó
e gravata de um assessor para
votar com o governo.
Tudo indicava um empate
por 27 votos, o que culminaria
na eleição do mais velho integrante da Casa como presidente. Após manobras, Tripoli acabou eleito com os votos do
"centrão".
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