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SÃO PAULO/LEGISLATIVO
Dos 55 vereadores eleitos, 27 concentram votação em certas regiões da cidade; fenômeno é mais marcante nas zonas sul e leste
Voto de reduto elege 50% da Câmara paulistana
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
MICHELE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO
Concentrar as promessas para
os moradores de um só bairro ou
defender os interesses de uma
única região da cidade se mostrou
uma tática eficaz dos vereadores
eleitos no domingo passado em
São Paulo. Entre os 55 que estarão
na Câmara Municipal no próximo ano, 27 deles venceram muito
em razão dos votos conquistados
em seus redutos eleitorais.
Levantamento realizado pela
Folha, com base nos resultados
divulgados pelo TRE (Tribunal
Regional Eleitoral) de São Paulo,
mostra que a metade dos vereadores eleitos concentra seus votos
em determinadas áreas do município. Alguns obtiveram outro tipo de fidelidade nas urnas, como
é o caso de religiosos.
Há ainda o voto conquistado de
forma espalhada por toda a cidade, como é o caso da apresentadora Soninha (PT) e do tucano José
Aníbal, o vereador mais bem votado na capital (165.880). Os dois
vão estrear na Câmara paulistana.
Apesar de o fenômeno existir
em toda a cidade, as regiões leste e
sul, os maiores colégios eleitorais
de São Paulo, que somam, juntas,
mais de 5 milhões de eleitores, são
as que mais possuem redutos.
Mais carentes, estão mais sujeitas
a ações clientelistas.
Onze vereadores foram eleitos
com votos obtidos de forma majoritária na zona leste, enquanto
oito se concentraram na sul.
Segundo mais votado, o atual
presidente da Câmara Municipal,
Arselino Tatto (PT), obteve 70%
dos seus 73.308 votos na zona sul.
O percentual é revelado quando
se somam os votos das zonas eleitorais nas quais o vereador ficou
entre os cinco mais bem votados.
Com o mesmo critério, é possível ver que o tucano Gilson Barreto venceu com cerca de 77% dos
seus votos vindos da zona leste.
O cientista político Rui Tavares
Maluf vê a concentração de votos
em redutos como conseqüência
do tamanho da cidade. "O território é grande. É quase impossível
se fazer conhecido no conjunto
todo da cidade." A existência de
redutos eleitorais, na sua opinião,
é resultado da campanha de corpo-a-corpo de alguns candidatos,
que, sem recursos, optam por se
dedicar mais a certas áreas.
E o comum é essa dedicação
não acabar com a vitória. Para
manter a fidelidade, o vereador
passa a legislar com um olhar especial para a região que o elegeu.
"Sou um vereador da cidade.
Mas a tendência é ter, por ordem,
um melhor relacionamento com
a zonas leste e norte", diz Celso Jatene (PTB), que ganhou mais votos na região leste. "Na zona sul, o
eleitor já tem para quem pedir, já
tem seu vereador de confiança."
Dos 55 eleitos, apenas seis não
ficam entre os cinco mais votados
em nenhuma das 42 zonas eleitorais. Seus votos vêm de grupos,
como o dos evangélicos. É o caso
da Bispa Lenice (PV), que, apesar
dos seus 45.295 votos, não ficou
entre os mais bem votados em nenhuma área da cidade.
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