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Quase todos os
reeleitos vêem
votação subir
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO
Ocupar um gabinete na Câmara
Municipal de São Paulo rende influência, cargos, participação nas
decisões políticas da cidade e votos, muitos votos. Dos 30 vereadores reeleitos, 27 conseguiram
aumentar a sua votação, a maioria
de modo substancial.
Entre os dez que obtiveram os
maiores crescimentos na votação
entre 2000 e 2004, todos acima de
70%, oito são da base de apoio da
prefeita Marta Suplicy (PT).
Quem dá sustentação à administração recebe em troca cargos
nas subprefeituras da região em
que atua e um poder maior de encaminhar demandas dos moradores. Assim, fortalece sua influência por meio do uso da máquina pública, principalmente em
áreas mais carentes.
Oito vereadores conseguiram
dobrar sua votação em quatro
anos, sendo que os primeiros sete
são todos apoiadores de Marta.
Os campeões
O campeão, Celso Jatene (PTB),
passou de 21.002 para 69.354, um
aumento de 230%. Apesar de negar, o petebista têm cargos na
Subprefeitura do Aricanduva, região em que foi o campeão de votos. Seu crescimento não se deve
apenas a isso. Delegado e santista,
teve apoio da polícia e da torcida.
"Exerci o meu primeiro mandato e cumpri meus compromissos
políticos. A minha votação foi um
reflexo disso", afirma Jatene.
O segundo e o terceiro lugares
são ocupados por petistas, Claudete Alves e José Américo Dias,
que em 2000 não conseguiram vaga e só entraram como suplentes.
A vereadora recebeu o suporte
do funcionalismo e de servidores
da educação em particular.
Ex-secretário de Comunicação
da prefeitura, José Américo costuma brincar que recebeu "os votos
dos jornalistas, dos jornalistas da
Brasilândia". Foi da zona norte
que veio boa parte dos seus votos.
Mas uma cadeira de vereador,
ainda que para ser usada de tribuna contra a administração, também rende votos. Com os oito vereadores do PSDB reeleitos, alguns defendem a tese de que é
mais fácil ser oposição.
O único entre os oito vereadores
que aumentaram seus votos em
mais de 100% que não apóia Marta foi Ricardo Montoro (PSDB),
de oposição. Além do sobrenome
do pai ex-governador, o tucano
defendeu interesses da classe média e fiscalizou a atual gestão.
O cientista político Rui Tavares
Maluf explica que "não há dúvida
de que os recursos do poder podem fazer a diferença, mas não
explicam tudo". Segundo ele, "esse tipo de importância vale com
ressalvas e, geralmente, em áreas
de atuação onde há carências
muito grandes da população".
As subprefeituras são responsáveis por pequenas obras, como
pavimentação e limpeza. Fazem a
fiscalização e recebem as reivindicações da população, muito mais
imediatas e profundas onde o poder público é menos atuante.
Para Maluf, no caso do PT o fato
de os vereadores terem ficado calados na TV prejudicou o chamado "voto de opinião", como nos
casos de Nabil Bonduki e Carlos
Neder. "Isso nivela por baixo e beneficia apenas os que atuam nas
áreas mais carentes."
(PDL E MO)
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