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NACIONAL
Petistas lideraram em número de votos em 13 Estados e tucanos, em outros 13; PV cresceu e PP, PFL, PDT e PTB perderam força
Estados mostram nova divisão entre PT e PSDB
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O mapa da votação do primeiro
turno dividido para cada um dos
26 Estados mostra com clareza a
nova divisão geopolítica nas cidades brasileiras. Fica explícita a já
conhecida polarização entre PT e
PSDB nos grandes centros, mas
também surgem novidades até
aqui não muito evidentes:
1) PV - o movimento verde, onda recorrente na Europa Ocidental há quase duas décadas, parece
que agora começa a fincar raízes
mais sólidas no Brasil. Cresceu
111,83% de 2000 para 2004. Os
candidatos verdes a prefeito tiveram 1.364.285 votos. Trata-se ainda de uma sigla nanica, mas teve
53,5% mais seguidores do que o
PC do B, sigla que ostenta dois ministérios no governo Lula;
2) Esquerdas - continuam em
baixa os partidos tradicionais de
esquerda. O PC do B foi o mais
bem sucedido, com um aumento
de 132,24% dos votos que seus
candidatos receberam para prefeito neste ano na comparação
com 2000. O problema é que a base de comparação era mínima. Os
889.065 votos do último dia 3 representam só 0,93% do total de
votos válidos no país.
O trotskista PSTU também
cresceu, mas segue como nanico.
Seus 183.562 votos equivalem a
0,19% total do país;
3) Perdedores - quatro siglas
tradicionais saem desta eleição
com menos votos do que em
2000: PFL, PP, PDT e PTB. O PFL
é o maior derrotado, com 1,739
milhão de votos a menos (uma
queda de 13,4%).
Ocorre que o PFL está na oposição ao governo Lula. Era esperado
que sofresse um pouco. Chama a
atenção na lista de derrotados é o
PP e o PTB, que se alinharam ao
Planalto. Ambos foram ladeira
abaixo. O PP teve queda de 10,4%
em seus votos. O PTB, de 9,45%.
O PDT, hoje na oposição a Lula,
enfrentou sua primeira eleição
sem seu fundador e maior líder,
Leonel Brizola (morto em junho
último). Até que não fez feio: a
queda nas urnas só foi de 0,8% na
comparação com 2000;
4) Prona - o fenômeno comandado pelo deputado federal Enéas
Carneiro (SP) mostra que seu
prazo de validade começa a chegar a um ponto de estagnação.
Em 2002, Enéas teve, sozinho,
1.573.642 votos para deputado federal. Agora, uma brutal desidratação: apenas 221.141 votos para
os candidatos a prefeito do Prona
no país inteiro -o equivalente a
0,23% do total apurado. Uma
queda de 6,02% sobre o ano 2000.
Os números usados nesta reportagem se referem ao total apurado dos votos no primeiro turno
do último dia 3. O TSE divulgou
os dados com a ressalva de que
não constam da soma total os
3.110 votos de São Sebastião da
Bela Vista (MG), cuja apuração
não foi liberada. Como é uma
quantidade pequena de votos,
não altera as grandes tendências
já detectadas.
Por enquanto, não adianta falar
em número de cidades conquistadas pelos partidos. Em 44 municípios haverá segundo turno. Nessas cidades estão cerca de um
quarto dos eleitores brasileiros.
O que conta do ponto de vista
político é o número de votos recebidos e os eleitores governados. Já
é possível ter uma noção do que as
urnas disseram no que diz respeito aos votos obtidos.
PT X PSDB
A Folha montou um quadro
com todas as votações do PT e do
PSDB para prefeito em cada um
dos 26 Estados. O resultado mostra com clareza o avanço petista.
Em 2000, o PT só tinha mais votos para prefeito que o PSDB em
seis Estados: Acre, Bahia, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e
São Paulo. Agora, o Brasil está dividido ao meio: em 13 Estados os
petistas estão à frente dos tucanos
e vice-versa.
Sobre essa polarização, vale registrar que o PT está na frente do
PSDB hoje nos três Estados da região Sul, mas perdeu São Paulo.
Os petistas tiveram 25,34% dos
votos válidos para prefeitos paulistas, contra expressivos 31,83%
dos tucanos nesse que é o maior
eleitorado do país.
Os tucanos perderam a dianteira para o PT em Estados do Centro-Oeste e do Norte. Os candidatos a prefeito do PSDB também ficaram com menos votos que os
petistas em Minas Gerais, Estado
governado pelo tucano Aécio Neves -que tem sido citado dentro
de sua agremiação como exageradamente leniente no trato com o
governo federal.
Campeões do voto
O PT teve 16,3 milhões de votos
para prefeito, o maior número
obtido por uma agremiação na
eleição deste ano -17,15% do total. O PSDB veio em seguida, com
15,8 milhões de votos (16,54%).
A história é diferente quando se
observa a disputa em cada um dos
26 Estados brasileiros. Petistas só
são os campeões de votos em cinco Estados: Acre, Amapá, Minas
Gerais, Sergipe e Tocantins. Não é
muito, mas é um avanço na comparação com 2000, quando o PT
conseguia ser hegemônico em
três unidades da Federação: Acre,
Rio Grande do Sul e São Paulo.
Como se observa, o PT só conseguiu se manter na frente no
Acre. Faz jus à anedota que circula há anos em Brasília: o Acre não
é mais um Estado, mas uma ONG
petista. Também fica evidente
que a sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue em marcha
batida para o interior. Perdeu São
Paulo e conquistou áreas de menor relevância política no Norte e
no Nordeste.
O PSDB aparece neste ano como o campeão de votos para prefeito em cinco Estados: Ceará, Paraíba, Piauí, Rondônia e São Paulo. Há quatro anos, eram oito os
Estados onde o tucanos receberam mais votos: Ceará, Espírito
Santo, Goiás, Mato Grosso, Pará,
Piauí, Roraima e Sergipe. Nenhum partido em 2000 venceu em
mais Estados que o PSDB.
Nesta eleição, o campeão de votos na divisão por Estados é o
PMDB. Conseguiu hegemonia
em oito deles: Alagoas, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul e
Santa Catarina.
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