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BRASIL PROFUNDO
24 petistas governarão cidades dos grotões do país, área considerada estratégica pela cúpula; PFL elegeu 94 prefeitos, campeão entre dez siglas
PT é nono em ranking de eleitos no semi-árido
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Na região brasileira mais pobre,
o semi-árido nordestino (que incluiu parte de Minas Gerais e do
Espírito Santo), as eleições mostraram que o PT foi o nono colocado entre dez legendas em número de prefeitos eleitos. O Fome
Zero -a política social que recebeu o status de programa abre-alas do governo Lula- começou
a ser implantado na área.
O levantamento feito pela
Agência Folha usou como amostragem o cadastro de julho deste
ano do programa de abertura de
cisternas (reservatório para acumular águas de chuva em casas)
do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Nele estão 474 municípios do
semi-árido, distribuídos em 11 Estados -o governo considera
também nessa condição cidades
do agreste (região de solo ruim,
próxima ao sertão).
O PT elegeu 5% dos prefeitos
dessas cidades (24 cidades), contra quase 20% do PFL (94), que
tem tradição nos rincões. As outras duas siglas que mais elegeram
foram o PMDB, com 67 (14,1%), e
o PSDB, 66 prefeitos (13,9%).
O resultado reforça o pensamento de historiadores e cientistas políticos desfilados na análise
do resultado do primeiro turno,
segundo o qual o PT, apesar de
ganhar feição nacional, ainda tem
dificuldades no Brasil profundo.
PT e PSDB seriam essencialmente
urbanos. As eleições nas 474 cidades (9,98 milhões de habitantes)
lembram a síntese, apesar de o
PSDB ter tido desempenho igual
ao do PMDB. O que diferencia as
siglas é que a votação dos peemedebistas é mais bem distribuída
pelos 11 Estados, enquanto 45%
dos prefeitos tucanos eleitos (30)
estão no Ceará, onde o grupo do
senador Tasso Jereissati está no
poder há quase 18 anos.
A influência aparece também
no caso do PPS do ministro Ciro
Gomes (Integração Nacional),
outra liderança do Ceará, onde estão concentrados 52% dos prefeitos eleitos pela legenda (22 de 42).
A peso da liderança local é vista
também na Bahia do senador pefelista Antonio Carlos Magalhães.
Em que pese ACM ter perdido
força em Salvador -passou com
dificuldades para o 2º turno-, o
PFL ficou com 33% das prefeituras na área analisada.
O PT concorreu com 121 candidatos próprios nessas cidades.
Obteve melhor desempenho no
semi-árido mineiro: dez prefeitos.
No geral, o partido considerou
"satisfatório" o resultado.
Segundo Romênio Pereira, vice-presidente nacional do PT e coordenador das campanhas nos grotões, a Direção Nacional avaliou
como "muito importante" o trabalho na área, tendo em vista
2006, eventual disputa pela reeleição do presidente Lula. As pequenas cidades representam um terço do eleitorado. "Quem tem projeto para disputar com a gente [a
Presidência] é o PSDB. E quem é o
principal aliado dele? O PFL, forte
nos grotões. Basta ver o os votos
dos deputados federais do PFL."
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