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FORTALEZA
Candidato do PFL, adversário de Tasso Jereissati, quer voto de escolarizados e se diz "aberto a composições" para o 2º turno
Medo da violência foi explorado por pefelista
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Adversário da petista Luizianne
Lins na disputa pela Prefeitura de
Fortaleza, o ex-delegado da Polícia Federal Moroni Torgan (PFL),
48, tenta se afastar do rótulo de
"xerife" para conquistar o voto
dos mais escolarizados, apesar de
ter usado o discurso do medo da
violência como principal artifício
para chegar ao segundo turno.
"Não serei um prefeito-xerife",
diz, até porque o inquérito policial e todas as ações penais são feitas pelo governo do Estado. Mas
afirma: "Fortaleza vai ganhar um
prefeito e levar um técnico de segurança junto".
Sem contar com o apoio de partidos grandes até agora, Moroni
reúne nanicos e agrega dissidentes de siglas como o PMDB para
fechar seu programa de governo,
inacabado até hoje.
"Estou aberto à esquerda, à direita, ao centro, à centro-esquerda, à centro-direita. Quem for
melhor e tiver as melhores propostas, não for desonesto e for
competente está sendo chamado
a participar", disse.
"Mesmo integrantes do PT,
aqueles mais ponderados, poderão pensar numa gestão plural e
vir me apoiar. Apoios não são incondicionais, minha gestão será
colaborativa, onde todos participam. Não sou radical, sou aberto
a composições", afirmou, ao fazer
um contraponto à sua rival.
Apesar de filiado ao PFL, um
dos partidos mais conservadores
do país, Moroni diz ser independente. "Já fui chamado de esquerda do PFL", disse.
Como padrinho político mais
próximo, ele tem hoje o atual presidente da Transpetro, o ex-senador Sérgio Machado (PMDB).
Nega, no entanto, que essa proximidade o faça mudar de partido
após a eleição.
Segurança
Apesar de ser evangélico, membro da Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias -mais
conhecida como igreja dos mórmons- Moroni não usa o discurso religioso para ganhar eleitores.
No alto de seu 1,90 m de altura e
110 quilos (no começo da campanha eleitoral tinha 134 quilos,
mas, com as caminhadas, já emagreceu quase 25), o candidato
construiu toda sua história política no Ceará fincada no discurso
da violência.
Gaúcho, Moroni chegou ao
Ceará em 1983 para assumir a delegacia de polícia fazendária da
Polícia Federal. Pouco depois,
tornou-se chefe da delegacia de
entorpecentes.
A fama como delegado o levou
ao posto de secretário da Segurança Pública no primeiro governo do hoje senador Tasso Jereissati (PSDB), de 1988 a 1990.
Pelo PSDB e com as bênçãos de
Tasso, ele conseguiu seu primeiro
mandato como deputado federal
em 1990 e, em 1995, assumiu o
posto de vice-governador.
Em 1998, ele se elegeu deputado
federal, ainda pelo PSDB. Depois
disso, sua relação com Tasso acabou. Para o tucano, hoje os dois
são adversários. Para Moroni, o
que houve foi um esfriamento da
relação provocado pelo ciúme
dos que o cercam.
"Eu acho que os que ficam ao
redor dele [Tasso] ficaram com
medo de sombra, o que causou o
afastamento. Talvez eles mesmos
fizessem projeções sobre meu futuro político, mas eu nunca tive
nenhuma angústia por cargos",
afirma Moroni.
Apesar de negar o tempo todo a
intenção de parecer um xerife, na
reta final da campanha no primeiro turno, foram colocadas no ar
imagens de Moroni interrogando,
aos gritos, o narcotraficante Fernandinho Beira-Mar, na CPI do
Narcotráfico da Câmara dos Deputados. "Era para mostrar a
competência e a coragem, não para falar sobre violência."
Moroni fala com orgulho dos títulos de cidadão cearense e fortalezense que guarda no currículo,
mas admite que passa mais tempo em Brasília e que sua família
mora lá. "Passo mais tempo em
Brasília do que aqui, por causa da
atividade parlamentar. Como
passo mais tempo lá, não posso
abandonar os meus filhos. O
acompanhamento dos filhos pelos pais é fundamental e eu não
abro mão disso." Moroni tem
dois filhos adolescentes, um de 18
e outro de 15 anos.
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