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CONGRESSO
Maioria das mais votadas nas eleições deste ano pertence a partidos de esquerda e já exerceu cargo público
Treze mulheres são campeãs nos Estados
LIA HAMA
DA REDAÇÃO
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em fato inédito, assumirão no
Congresso no próximo ano nada
menos que 13 mulheres campeãs
de votos nos Estados.
A maioria pertence a partidos
de esquerda e tem em comum
passado sólido na vida pública:
não há amadoras.
À Câmara, foram pole position
nas listas: Denise Frossard
(PSDB/RJ); Fátima Bezerra (PT/
RN); Francisca Trindade (PT-PI);
Janete Capiberibe (PSB/AP); Kátia Abreu (PFL/TO); Maria Helena (PST/RR); Perpétua Almeida
(PC do B/AC) e Vanessa Grazziotin (PC do B/AM).
Ao Senado, outras cinco superaram o número de votos do segundo vencedor.
Exceto pela ex-governadora pefelista Roseana Sarney, primeiro
lugar no Maranhão (1.314.524 votos), todas são petistas.
No Acre, a campeã foi a senadora reeleita Marina Silva (157.588);
no Pará, Ana Júlia (1.097.061); em
Rondônia, Fátima Cleide
(233.365); e, em Santa Catarina,
Ideli Salvatti (1.054.304).
Uma das mais experientes da
lista, a deputada reeleita Vanessa
Grazziotin, 41, desde 1988 na política, considera que esse boom de
mulheres campeãs de votos é a
tradução do anseio do eleitor por
"mais ética na política".
"As mulheres ainda aparecem
como novidade ao eleitor e, por
isso, a idéia é que possam ser mais
honestas. E elas encabeçam as listas de votos coincidindo com a
derrota nas urnas de vários dinossauros com histórico de corrupção", diz a deputada do PC do B.
Exemplo de "sangue novo" que
tem como bandeira a ética é a
campeã de votos do Acre, Perpétua Almeida, 37. Vereadora de
Rio Branco pelo PC do B, ela liderou os protestos contra a cassação
da candidatura do governador
Jorge Viana (PT), reeleito no primeiro turno. Seu marido, Edvaldo Magalhães, é líder de Viana na
Assembléia do Acre e foi reeleito
deputado estadual.
Outro exemplo é o da juíza aposentada Denise Frossard, 52, que
ganhou notoriedade nacional em
1993, quando condenou a seis
anos de prisão 14 banqueiros do
jogo do bicho do Rio de Janeiro.
Frossard é uma das fundadoras
da Transparência Brasil, organização-não-governamental que
busca combater a corrupção.
Bandeiras
Além da ética na política, outras
bandeiras, bem variadas, levaram
as candidatas a se transformar em
campeãs de votos em seus Estados. No caso da pefelista Kátia
Abreu, 40, foi a questão rural.
"Minha representação sempre
foi rural. Como a vocação do meu
Estado [Tocantins" é agropecuária, todo mundo é ligado ao setor", diz a deputada eleita, a primeira mulher a liderar a bancada
ruralista na Câmara.
Já no caso de Francisca Trindade, 36, ex-vereadora de Teresina e
deputada estadual do Piauí, fazem parte de suas plataformas a
questão do negro e da mulher. Filiada ao PT desde 85, Francisca
pretende apresentar uma proposta de criação de linha de financiamento de casas populares para
mulheres que são chefes de família. Negra, ela defende a cota para
negros nas universidades.
Outra defesa, comum a pelo
menos três das mais votadas, é a
questão da Amazônia. A ex-deputada estadual, eleita deputada federal, Janete Capiberibe quer chegar ao Congresso e se unir às bancadas de defesa dos direitos das
mulheres, das crianças e da Amazônia. Janete, 53, está na política
desde 1988, quando foi eleita vereadora em Macapá. "Na verdade, estou desde os 15 anos, quando conheci meu marido [o senador eleito pelo Amapá João Capiberibe" e começamos juntos na
política estudantil", diz.
Gaúcha, Maria Helena Veronese, 53, mora em Boa Vista há 29
anos e é mais uma a querer integrar a bancada que defende interesses amazônicos. "Me sinto
amazônida", disse. A deputada
eleita trabalhava com a prefeita de
Boa Vista, Tereza Jucá, de quem é
amiga há anos. "Ela sempre me
deu força para me candidatar e
dessa vez decidi arriscar para ter
voz no Congresso."
A terceira representante é a
acreana Perpétua, que aponta a
necessidade de se criar uma "bancada do Norte, que defenda a soberania da Amazônia".
A petista Fátima Bezerra, 45,
não esconde o orgulho de ter entrado na "bancada do batom" da
Câmara. "Não comemoro só os
votos, mas também de, independente do sexo, ser a primeira representante da oposição do Rio
Grande do Norte no Congresso
na história", afirma Fátima, duas
vezes deputada estadual.
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