|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PT X PT
Deputado da esquerda do partido rebate crítica de ministro
Petista diz que resposta de Palocci mostra a fragilidade do governo
VIRGILIO ABRANCHES
DA REDAÇÃO
A declaração do ministro Antonio Palocci (Fazenda) de que a
crítica da esquerda do PT à área
econômica é "infantil" mostra a
fragilidade do governo federal.
Foi o que disse anteontem à Folha
o deputado federal Ivan Valente
(PT-SP), um dos principais articuladores do movimento interno
da sigla que elaborou um documento com propostas para mudanças na política econômica.
"A resposta que ele [Palocci]
deu ao documento, que, aliás, ele
não deve nem ter lido, mostra que
o governo está frágil e refém do
mercado", afirmou o deputado.
"Eles [membros do governo]
sempre vão dizer que nada vai
mudar porque querem agradar,
são reféns das chantagens do
mercado", completou.
Valente e outros sete deputados
apresentaram, na última quarta-feira, um documento-síntese do
seminário "Queremos um outro
Brasil".
Realizado no mês passado em
São Paulo, o evento reuniu cerca
de 800 pessoas, entre parlamentares e militantes do PT, além de intelectuais. A tônica do evento foi
de duras críticas à equipe econômica e à política ortodoxa adotada por Luiz Inácio Lula da Silva.
Do encontro, saiu o documento
que lista uma série de propostas
concretas que, se, hipoteticamente, fossem incorporadas pelo governo Lula, representariam uma
guinada completa nas políticas
monetária e fiscal hoje vigentes.
Entre as medidas sugeridas pelos parlamentares petistas estão a
redução da taxa de juros e a flexibilização das metas de inflação
(atualmente em 5,5% ao ano).
No dia seguinte à apresentação
do documento pelos deputados,
Antonio Palocci disse que a proposta é "um equívoco lamentável" e um "erro bastante infantil".
"Contaminação"
Para Ivan Valente, o ministro da
Fazenda incorporou "dogmas
neoliberais que o contaminaram
até a medula". "Eu nunca vi darem ao FMI mais do que o fundo
pediu. Só o Palocci fez essa loucura", afirmou o parlamentar ao se
referir ao superávit primário
-feito pelo governo no ano passado- maior que os 4,25% acordados com o Fundo Monetário
Internacional.
Valente adiantou também que
outros seminários, na mesma linha do já realizado, estão programados. O primeiro será no Rio de
Janeiro, no começo do próximo
mês. Os outros dois devem ocorrer em um Estado do Nordeste
-ainda a ser escolhido- e no
Paraná. As datas exatas ainda não
foram definidas. "Vamos continuar combatendo essa política
econômica", concluiu Valente.
Texto Anterior: Para deputados, CNEs precisam de aperfeiçoamento Próximo Texto: Questão militar: Aeronáutica diz que manifestante em ato por militares não é sargento Índice
|