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JANIO DE FREITAS
Semelhanças inquietas
Não é entre os petistas desgostosos e os eleitores decepcionados, mas nos setores agradavelmente surpreendidos com o
governo Lula que se forma uma
onda de inquietação com os possíveis efeitos da política econômica.
Entre o desgosto de uns e a preocupação de outros, há diferenças
de motivação cada vez menores e,
ainda assim, diferença extrema
quanto à possibilidade de exercer
alguma influência. Já ficou bastante claro que Luiz Inácio Lula
da Silva e Antonio Palocci não
querem saber de avaliações e sugestões feitas por discordantes da
política econômica, nem mesmo
dos que têm maior tradição de
autoridade na matéria. Os ex-temerosos de Lula, porém, têm poder e meios conhecidos de influência, além da maior receptividade em razão, entre outras, da
própria linha geral adotada pelo
governo.
De modo simplificado e sem tecnicalidades, pode-se dizer que os
partícipes desses quatro meses de
lua-de-mel com o governo Lula
inquietam-se, agora, com os possíveis efeitos da combinação de
dois fatores. De uma parte, a política com que Lula e Palocci fizeram o seu alívio é a mesma que
lhes parecia necessário alterar,
para deter e reverter as sequelas
da falta de crescimento econômico. Nesse sentido, o governo não
emitiu sinal algum.
De outra parte, os dados positivos, entre os quais o câmbio é a
grande estrela, não têm solidez
confiável e não resultam, propriamente, de ações do governo. Apesar disso, poderiam ser vistos pela
equipe econômica como oportunidade para algumas inovações.
Mas, ao contrário, parecem fortalecer no governo a idéia de que,
por ora, nada há a modificar ou
discutir na política econômica e
monetária.
Como fazer a passagem dessa
política, iniciada no governo passado, para a política de crescimento já era uma indagação em
aberto. A essa, agora se sobrepõe
outra: terá o governo, diante do
que considera êxitos seus, disposição para tentar a passagem em
busca do crescimento e para medidas não abençoadas externamente, em tempo de evitar os problemas que tantos antevêem?
Por vias que nem paralelas são,
os críticos e os neo-aliados de Lula tornam-se mais parecidos entre
si do que o governo se parece com
o PT das suas origens. A propósito, dizem que PT agora significa
Parece Tucano.
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