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ELEIÇÕES 2004/RECURSOS
Políticos de partidos pequenos informaram à Justiça que podem gastar até R$ 8 milhões, mais que o valor declarado por Maluf
Candidatos "nanicos" de SP sonham com campanha milionária
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles são os azarões. Querem
chegar à Prefeitura de São Paulo,
mas são pouco conhecidos, pertencem a partidos considerados
nanicos, ainda não pontuaram
nas pesquisas de intenção de voto
e vão ter pouquíssimo tempo na
TV. Mesmo assim, já informaram
à Justiça Eleitoral que suas campanhas podem ser milionárias.
Dentre os pequenos, o que pensa mais alto é Penna (PV). Ao registrar sua candidatura a prefeito,
ele declarou que sua campanha
pode custar R$ 8 milhões.
A previsão oficial do candidato
do PV é maior que a feita pelo ex-prefeito Paulo Maluf (PP), que
aparece em segundo lugar nas
pesquisas e declarou R$ 5 milhões
como o valor máximo de sua
campanha.
Todos os candidatos precisam
informar à Justiça uma estimativa
de quanto podem gastar. Passada
a eleição, devem fazer uma prestação de contas. Se o valor declarado for ultrapassado, de acordo
com a Lei Eleitoral, o candidato fica sujeito a pagar uma multa que
pode chegar a dez vezes a quantia
em excesso.
É por essa razão que Penna admite ter superestimado -e muito- seus gastos na disputa pela
Prefeitura de São Paulo.
A conta do PV para a campanha
ainda está no zero. Enquanto corre atrás de alguém disposto a emprestar uma sala para montar seu
comitê, Penna acredita que as coisas podem mudar:
"Vai que a minha candidatura
deslanche e o dinheiro comece a
aparecer... Não quero ter problemas lá na frente".
O mesmo fez Ciro Moura
(PTC), cuja previsão de gastos declarada foi de R$ 3 milhões. Na
prática, espera gastar R$ 300 mil.
O candidato Osmar Lins (PAN)
declarou R$ 1 milhão.
João Manuel Baptista (PSDC) é
o mais otimista. Acredita que vai
gastar os R$ 5 milhões que informou em seu registro de candidatura no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo).
"A nossa intenção é fazer uma
campanha grande para chegar lá,
com um programa de TV curto,
mas bem-feitinho, e muitos carros de som nas ruas."
Outros candidatos pequenos fizeram previsões modestas, como
José Walter Canoas (PCB), com
R$ 20 mil, Dirceu Travesso
(PSTU), com R$ 30 mil, e Anaí
Caproni (PCO), com R$ 50 mil.
Sem contar as campanhas dos
candidatos a vereador, a disputa
pela Prefeitura de São Paulo pode
custar oficialmente R$ 82,1 milhões. Os que mais podem gastar
são José Serra (PMDB), Marta Suplicy (PT) e Luiza Erundina
(PSB), com R$ 15 milhões cada
um. Logo depois vem Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT),
com R$ 12 milhões.
Patrimônio
Ao contrário dos R$ 3 milhões
que informou ao TRE-SP, Ciro
Moura não acredita que seja difícil alcançar os R$ 300 mil que espera arrecadar na prática para sua
campanha.
"Temos os nossos filiados, que
vão colaborar. Além disso, somos
uma coligação com quase cem
candidatos a vereador", diz ele.
"Mas, se for necessário, eu tenho
condições de resolver isso pessoalmente."
Tanta convicção tem motivo. O
candidato do PTC, que é dono de
uma empresa de consultoria, declarou possuir R$ 1,33 milhão, entre imóveis e aplicações financeiras. Teoricamente pode bancar
sozinho toda a sua campanha.
Moura tem um patrimônio
maior que o do ex-ministro José
Serra (aproximadamente R$ 750
mil declarados à Justiça Eleitoral)
e o da deputada federal Luiza
Erundina (R$ 171 mil) juntos.
Entre os candidatos a prefeito
de São Paulo, Ciro Moura perde
em patrimônio apenas para o ex-prefeito Paulo Maluf e para a prefeita Marta Suplicy.
Maluf é o mais rico. Informou
possuir quase R$ 39 milhões. Boa
parte desse dinheiro, segundo sua
declaração de renda, está numa
conta do banco francês Crédit
Agricole.
Depois vem Marta. A prefeita
declarou ter R$ 5,5 milhões.
Na outra ponta, está Anaí Caproni. Funcionária dos Correios,
a candidata declarou que não
existe nenhuma propriedade em
seu nome.
Um carro de R$ 6.000 foi o único bem declarado por Penna, que
é músico. O professor universitário José Walter Canoas diz também só ter um automóvel, avaliado em R$ 14 mil.
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