|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO LULA
Ministro da Secretaria de Comunicação é mais poderoso que antecessores
Gushiken terá o controle de R$ 113,2 mi em publicidade
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva pretende gastar cerca de R$
230 milhões em publicidade oficial neste ano. Quase metade desse dinheiro - R$ 113,2 milhões-
ficará diretamente concentrada
nas mãos de Luiz Gushiken, 52,
ministro-chefe da Secretaria de
Comunicação e Gestão Estratégica da Presidência.
Gushiken -formado em administração de empresas, três vezes
deputado federal pelo PT entre
1987 e 1998, e amigo de Lula e do
ministro-chefe da Casa Civil, José
Dirceu- é o homem forte do governo na área de publicidade e
mais poderoso que todos os seus
antecessores.
Além de ampliar a área de atuação de sua pasta para "assuntos
estratégicos" -assim definidos
pelo presidente da República, em
incumbência que nenhum de
seus antecessores teve- Gushiken cuida diretamente da publicidade institucional do governo.
Nas gestões anteriores, a Secretaria de Comunicação coordenava toda a publicidade de governo,
mas sua verba própria no ano
passado, por exemplo, foi perto
de R$ 7 milhões, gastos em custeio administrativo.
O ex-secretário de Comunicação João Roberto Vieira da Costa
planejou, no governo passado, a
nova forma de alocação de recursos. A publicidade institucional
- ou seja, a que trata da divulgação de metas e resultados do governo- fica com a Secretaria de
Comunicação. A publicidade de
utilidade pública (como, por
exemplo, a campanha contra a
dengue), a legal (atas, editais e avisos) e a mercadológica (caso de
produtos da Petrobras) ficam diretamente com os ministérios ou
estatais, ainda que sob o monitoramento de Gushiken.
O governo pretende gastar cerca
de R$ 115 milhões com utilidade
pública e publicidade legal, além
dos R$ 113,2 milhões com publicidade institucional. O governo
Fernando Henrique Cardoso gastou no ano passado R$ 245 milhões nas três categorias.
Somando-se os demais recursos
de ministérios e estatais, a verba
total para publicidade oficial em
2003 atinge R$ 1,4 bilhão, contra
R$ 1,3 bi no governo tucano.
O ex-secretário Vieira da Costa
sugeriu, durante a transição, que
Gushiken concentrasse a verba de
publicidade institucional do governo nas mãos de uma ou duas
agências, em vez da quase uma
dezena de empresas que trabalham hoje no setor. A medida
-ainda não oficializada ou mesmo aceita- seria justificada por
uma padronização da linguagem
de comunicação do governo.
Assim a Secretaria de Publicidade -subordinada à Secretaria de
Comunicação- escolheria uma
ou duas agências que dividiriam
R$ 113,2 milhões. No ranking de
2001 das empresas privadas (o de
2002 não foi concluído), a Unilever Brasil (do setor de higiene e
limpeza) foi a maior anunciante
do país com gastos de R$ 126,2
milhões, sendo seguida pela
Volkswagen com R$ 91,1 milhões.
Esse montante será administrado pela nova secretária de Publicidade, Ângela Maria Tavares Chaves, que trabalhou, entre 1978 e
1984, com Duda Mendonça, marqueteiro da campanha petista.
Segundo assessores do PT ouvidos pela Folha, Ângela foi uma indicação de Duda. Há seis anos como consultora independente,
manteve contatos com Duda e dirigiu contas publicitárias em São
Paulo, Rio e Salvador, "com ênfase no setor público", como consta
do currículo divulgado pela Secretaria de Comunicação.
Duda Mendonça, que recebeu
R$ 5 milhões do PT para fazer o
marketing eleitoral de Lula, nega
ter sugerido o nome de Ângela.
Afirma que foi ouvido apenas sobre sua capacidade gerencial.
"É uma profissional reconhecidamente competente. Já trabalhou comigo e com todo mundo
do mercado. Já trabalhou até para
o PSDB em São Paulo. Não indiquei ninguém", declara Duda.
A nomeação de Ângela foi assinada no primeiro dia da administração Lula, em substituição ao
publicitário Alex Periscinoto.
"Não sei se fui indicada por Duda. Quem me convidou para o
cargo foi o Marcus Flora (secretário-adjunto de Gushiken e ex-coordenador de pesquisas eleitorais do PT)", diz Ângela, que não
comenta seus planos para o cargo.
Colaborou MÔNICA BERGAMO, colunista da Folha
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Influência de Duda incomoda petistas Índice
|