São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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Influência de Duda incomoda petistas

DA REPORTAGEM LOCAL

Setores do PT estão incomodados com o papel do publicitário Duda Mendonça na comunicação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Oficialmente, a última tarefa do publicitário foi organizar a festa de posse de Lula e criar, gratuitamente, a campanha de marketing do programa Fome Zero.
Mas ele é ouvido sobre decisões e nomeações do setor de comunicação. É atribuída a Duda, por exemplo, a sugestão -até agora não acatada- do nome do jornalista Florestan Fernandes Jr. para comandar a Rede Brasil-TVE.
São dois canais de televisão pública, um no Rio e outro no Maranhão, que coordenam uma rede de emissoras educativas e/ou públicas no país.
Formalmente, o PT sondou a jornalista Alice Maria, da chefia de jornalismo do canal pago Globo News, para comandar a Rede Brasil/TVE. Ela não manifestou interesse em assumir a empreitada. O ex-deputado federal petista e jornalista Milton Temer tentou articular seu nome para o cargo, mas sofre resistências internas.
Entre petistas, atribui-se a nomeação de Luiz Gushiken para a Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica não só a sua amizade com o presidente Lula. Durante a campanha, Gushiken construiu uma boa relação com Duda Mendonça, que detém a confiança do presidente nas questões do setor, em especial depois da forma como conduziu o marketing eleitoral petista.
Duda nega interferências no governo petista. "Trabalho quando sou chamado. Até agora não fui", diz o publicitário.
No livro que lançou no ano passado, "Casos e Coisas", Duda contou um episódio polêmico sobre a participação em governo de marqueteiros que cuidaram da campanha eleitoral.
Em meados da década de 80, disse que colaborou gratuitamente na campanha de Waldir Pires ao governo da Bahia. Derrotado, Pires é nomeado ministro da Previdência do governo José Sarney (1985-1990).
"Criei, naturalmente, uma expectativa", escreveu Duda. "Pensei que teria, pelo menos, uma oportunidade. Mas Waldir virou as costas para mim e por interesses políticos entregou a conta do ministério a uma outra agência, também da Bahia, do mesmo tamanho da minha, sem nenhuma concorrência (...). Eu não queria nenhum tipo de favorecimento. Só queria ter uma oportunidade para concorrer, para mostrar meu trabalho." (PLÍNIO FRAGA)


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