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ADMINISTRAÇÃO
Ex-membros do governo têm direito a mais quatro meses de salário
Só 5 ex-ministros pedem quarentena
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apenas cinco dos 25 ministros e
secretários do governo Fernando
Henrique Cardoso ingressaram
na quarentena com salários -entre R$ 7.000 e R$ 8.000- pagos
pelo Tesouro: Pratini de Moraes
(Agricultura), Pedro Malan (Fazenda), José Cechin (Previdência), Juarez Quadros (Comunicações) e Francisco Gomide (Minas
e Energia).
Somando-se a esse conjunto o
ex-presidente do Banco Central
Armínio Fraga e o ex-secretário
da Receita Federal Everardo Maciel sobe para sete o número de
integrantes da alta administração
federal que exercerão o direito de
contar, durante quatro meses depois de deixarem seus cargos,
com salários pagos pelo Tesouro.
Se todos os 48 ex-integrantes da
equipe do governo FHC exercessem o direito, o governo de Luiz
Inácio Lula da Silva precisaria de
cerca de R$ 1,4 milhão para pagar
seus salários.
Entre os ministros, dos quais
quatro a Folha não conseguiu localizar, três vão integrar governos
estaduais, quatro darão aulas em
universidades, dois ingressarão
em organismos internacionais,
dois voltaram às carreiras que seguiam antes. Outros dois estão indecisos, um trabalhará como consultor em sua própria empresa,
outro aguarda nomeação para assumir uma embaixada no exterior e somente um já anunciou
publicamente a opção pela iniciativa privada.
A quarentena proíbe que um
ex-integrante dos primeiros escalões do governo exerça atividade
no ramo em que trabalhava na
administração pública. O peso
maior, no entanto, é a proibição
permanente, esta abrangendo 788
integrantes e ex-integrantes dos
quadros federais, de ingressar em
qualquer atuação profissional que
se relacione com decisões ou processos dos quais tenham participado no governo.
Nos dois últimos meses, a Comissão de Ética Pública, que zela
pela conduta dos integrantes da
alta administração federal, recebeu 12 consultas de ex-ministros.
Dois integrantes foram dispensados da quarentena.
Um deles é o ex-ministro da Casa Civil Pedro Parente, que tornou
pública sua opção profissional de
aceitar o convite para assumir, a
partir de 1º de fevereiro, a vice-presidência do grupo gaúcho RBS
(Rede Brasil Sul de Comunicação). O outro a comissão não revelou o nome.
Convites
Convicto de sua quarentena, o
ex-secretário da Receita Everardo
Maciel disse não a pelo menos
cinco convites para comandar as
finanças de governo estaduais.
O ex-ministro da Educação
Paulo Renato de Souza abriu uma
empresa de consultoria. Economista, sua preferência, pela experiência de anos de trabalho, era ficar na área de educação.
Mas Souza seguirá a recomendação da Comissão de Ética: em
educação, ele só poderá atuar em
organismos internacionais. "Vou
trabalhar com o BID [Bando Interamericano de Desenvolvimento"
e com o Banco Mundial", disse o
ex-ministro à Folha.
Fazem parte do bloco dos indecisos o ex-secretário de Comunicação da Presidência João Roberto Vieira da Costa, e o ex-secretário geral de FHC Euclides Scalco.
Em férias em uma praia, Costa
ainda não decidiu se entrará na
quarentena remunerada. Há comentários no mercado de que ele
estuda a possibilidade de ingressar, a partir de junho, nos quadros
da Organização Mundial da Saúde, mudando-se para Genebra.
Já Scalco nem sequer sabia ter
direito ao salário de ministro por
mais quatro meses. "Estou em férias. Foi bom você ter me informado sobre isso. Vou procurar a
Comissão de Ética."
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