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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Temendo que violência prejudique governador, tucanos centrarão debate em emprego e geração de renda
Alckmin quer esvaziar discurso adversário
JULIA DUAILIBI
MARIA INÊS NASSIF
DA REPORTAGEM LOCAL
Temerosos do estrago que a discussão sobre a segurança pública
possa vir a causar na campanha à
reeleição do governador paulista,
Geraldo Alckmin (PSDB), os tucanos tentarão esvaziar os argumentos dos adversários ao centrar o debate no emprego e na geração de renda. Tiram assim o foco no policiamento ostensivo.
Os estrategistas do PSDB querem mostrar ao eleitor que a administração deve concentrar seus
esforços na melhoria dos índices
sociais e que, atingido esse objetivo, uma das consequências será a
redução da violência.
Mostrarão números ao eleitor
para ilustrar investimentos feitos
em segurança. Dessa forma, pretendem mostrar ao eleitor que o
discurso focado no policiamento
ostensivo é equivocado. Tanto o
pré-candidato do PPB quanto o
do PT -Paulo Maluf e José Genoino, respectivamente- têm
colocado bastante ênfase na repressão ao crime.
O aumento da violência é o aspecto mais criticado do governo
tucano. Mesmo dentro do PSDB
há quem admita que o partido
fracassou no combate ao crime e
que agora corre contra o tempo
para reverter o quadro.
Para a cúpula da campanha, o
início do horário eleitoral gratuito
dará espaço para Alckmin impor
sua agenda aos demais candidatos. O objetivo é não embarcar
numa discussão cujo principal
item seja a segurança, que interessa especialmente a Maluf, mas colocar em foco a questão social.
Os tucanos baseiam-se em pesquisas. Segundo o Datafolha, em
fevereiro, 21% dos brasileiros
-27% dos paulistas- consideravam a violência o maior problema do país. Para contê-la, a maioria (57%) defende o combate ao
desemprego e a melhora da educação. A violência preocupa menos do que o desemprego -32%
das indicações-, mas os percentuais nunca foram tão próximos.
De acordo com pesquisas qualitativas às quais a direção do PSDB
teve acesso, o eleitor não acredita
mais em promessas vazias para
diminuir a violência. Procura um
candidato com, antes de tudo,
"honestidade de intenções".
Elaborado no Instituto Teotonio Vilela, sob coordenação do secretário estadual de Agricultura,
João Carlos Meirelles, 67, o programa de governo tentará acabar
com a "demanda reprimida por
emprego" -ou desemprego-
em quatro anos.
Contra as intenções estão os números. Em março, a Fundação
Seade/Dieese registrou desemprego de 19,9% em março na região metropolitana de São Paulo.
No mesmo mês do ano passado, o
índice era de 17,3%. O número de
desempregados na região cresceu
43,2%, em média, entre 1994 e
2001, ainda de acordo com a Fundação Seade/Dieese. É na maior
parte deste período que os tucanos ocuparam o governo federal e
o do Estado.
Comprometer-se com uma política estadual de emprego, cuja
atuação é limitada por depender
da política econômica do governo
federal, é também uma forma de
abordar a questão da segurança
sem tocar direto na ferida. "Há sete anos já estamos cuidando da
infecção [segurança". Não adianta ficarmos passando pomadinha
em vez de darmos o antibiótico",
afirmou o secretário Meirelles.
Fica então a questão de como
gerar emprego. O programa a ser
submetido ao governador em junho, antes da convenção estadual,
e que está sendo preparado por
um grupo de seis acadêmicos da
Unicamp, Seade e USP, terá como
foco o aumento das exportações
e, por meio da capacitação técnica, do número de empregáveis no
setor de serviços.
O plano prevê um pólo de geração de empregos no interior, região que preocupa os tucanos. De
acordo com pesquisas encomendadas pelo partido, é principalmente no interior que está o eleitor suscetível ao discurso duro sobre segurança usado por Maluf.
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