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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
A três semanas do pleito, partido tem utilizado marcas da prefeita de São Paulo para reforçar campanha em outros municípios
PT "exporta" Marta para outras cidades
JULIA DUAILIBI
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A três semanas do pleito municipal, a prefeita de São Paulo,
Marta Suplicy, candidata à reeleição, tornou-se garota-propaganda do PT, que tem exportado
marcas e a imagem da gestão petista para outras cidades do país.
O PT tem estimulado outras
candidaturas a pegar uma carona
em projetos da prefeita paulistana, mesmo naqueles que são alvos
de críticas de especialistas em gestão pública. Os CEUs (Centros
Educacionais Unificados) e o Bilhete Único são hoje pontos comuns nos programas de governo
de candidatos do PT, ocupando o
espaço que nos anos 90 era dominado por experiências como a do
Orçamento Participativo.
Candidaturas do PT em cidades
como Campinas (SP), São Bernardo do Campo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC),
Curitiba (PR) e João Pessoa (PB),
entre outras, têm se inspirado em
propostas do PT paulistano. Em
outras cidades, como Natal, a
imagem da prefeita deve ser usada para apoiar o candidato local.
"O CEU e o bilhete único são
marcas fáceis de serem compradas. É a "pedagogia da fazeção" de
Duda Mendonça. Antes era o
[Paulo] Maluf [para quem Duda
já fez campanha] que fazia. Agora
é a Marta. São criados os símbolos
e depois o conteúdo [das propostas]", diz o professor de comunicação da USP Gaudêncio Torquato. Na sua avaliação, o PT tem
"abusado" da imagem da prefeita
Marta Suplicy, principalmente
nas cidades menos desenvolvidas.
"Ela é o aríete para abrir caminho
para outros candidatos."
Consenso no PT, os CEUs e o bilhete único não são unanimidade
entre especialistas. Os chamados
escolões, com suas piscinas e teatros, são criticados pelos altos
custos em um momento em que
há déficits escolares. Estima-se
que há cerca de 150 mil crianças
fora da escola no âmbito municipal. Segundo adversários, com os
R$ 17 milhões usados na construção de um CEU poderiam ser
abertas três escolas para a mesma
quantidade de estudantes.
O bilhete único (com o qual o
passageiro pode, por duas horas,
fazer as viagens que precisar, pagando o preço de uma passagem)
tem recebido altos subsídios da
prefeitura. Somente neste ano há
cerca de R$ 280 milhões do Orçamento para subsidiar o sistema
(também estão contempladas
nesse valor as gratuidades).
Em São Bernardo do Campo
(SP), onde Lula surgiu politicamente, o candidato a prefeito pelo
PT, o deputado federal Vicentinho, adotou em seu programa os
CEUs, o bilhete único e os telecentros. "As ações dela têm repercutido muito aqui no ABC [região da
Grande são Paulo]. Temos de
apresentar essas propostas para a
comunidade", diz Vicentinho.
Em Florianópolis, o PT usará o
bilhete único com uma nova roupa, a Tarifa Única. Em Campinas,
governada atualmente pelo PT,
também há proposta nos moldes
do programa de transporte paulistano. O candidato petista ao governo do Rio de Janeiro, Jorge Bittar, tem usado os dois carros-chefes da campanha de Marta no
programa eleitoral gratuito.
"Sei o quanto o Rio precisa do
bilhete único", diz Bittar em vídeo
para a TV. O publicitário do petista não é Duda Mendonça, mas Nizan Guanaes, que já trabalhou em
várias campanhas do PSDB.
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