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Delegado que
ganhou 17 vezes
diz ser "ex-viciado"
DA REPORTAGEM LOCAL
O delegado da Polícia Civil
de São Paulo Luiz Ozilak
Nunes da Silva está sob investigação na Corregedoria
após ter vencido 17 vezes em
jogos da Caixa num único
espaço de três meses -entre
agosto e novembro de 2001.
Em entrevista à Folha, defendeu-se da suspeita.
(RV)
Folha - O sr. já foi ouvido
formalmente pela Receita?
Luiz Ozilak Nunes da Silva -
Na Receita eu já fui investigado. Sobre esse assunto. O
procedimento que tem é na
Corregedoria da Polícia. Tudo o que eu tenho está declarado, conforme a legislação.
Folha - A que o sr. atribui
ganhar 17 vezes num só ano?
Ozilak - Não, não foram 17
vezes num único ano. Foi assim. Foi. Mas são assim, as
várias vezes que foi jogado.
Muitas vezes foi jogado, você
entendeu? É isso.
Folha - O sr. atribui esses
prêmios ao volume de apostas que o sr. faz?
Ozilak - É isso.
Folha - Quantas vezes o sr.
apostou?
Ozilak - Ah, inúmeras. Em
cavalo, de tudo. Olha, vou falar a verdade pra você, fui viciado nisso. O governo não
tem um programa de auxílio, porque você sabe que é
um vício. Eu, graças a Deus,
praticamente saí fora disso,
fiquei um ano, assim, fazendo tratamento psicológico,
perdi minha família, tudo.
Folha - Quanto o sr. jogou
no ano de 2001?
Ozilak - Ah, eu nunca joguei muito [em valor], sempre eu jogava o mínimo. Mas
não posso afirmar quanto.
Folha - Para o sr. receber R$
356 mil...
Ozilak - Acho que é isso.
Folha - ...gastou quanto?
Ozilak - Acho que alguns
mil reais. Eu não sei se R$ 10
mil ou R$ 15 mil.
Folha - Dez ou R$ 15 mil?
Ozilak - É, eu não posso
afirmar isso. Mas deve ser.
Folha - Há muito tempo o sr.
joga?
Ozilak -Jogo, jogava, né.
Folha - Quando o sr. parou?
Ozilak - Eu parei há cerca
de um ano, porque estou fazendo um tratamento psicológico com uma pessoa. Porque, além de ferrar a saúde
sua, sabe, acabou a vida social, você só pensava nisso.
Esses dias parei numa raspadinha, você vê o que é a recaída, comprei acho que 15
ou 20 da raspadinha. Além
de cansar, falei, "porra, tô
voltando outra vez nisso aí".
Folha - O sr. joga desde
quando?
Ozilak - Desde que a vida
com a minha família começou a ruir, há uns cinco anos.
Folha - Pelo levantamento,
o único ano em que o sr. recebeu foi em 2001.
Ozilak - É, pelo levantamento foi isso.
Folha - Quer dizer, sua sorte
está concentrada num só ano.
Ozilak - Não, isso aí eu nem
atribuo à sorte. Eu atribuo a,
sei lá, ao volume de jogo.
Folha - O sr. joga desde
1996, sempre, e só recebeu
em 2001.
Ozilak - Para você ver o que
eu joguei fora. Você precisa
ver a quantidade... Por que
eu recebi? Porque tinha dois
caras que ficavam conferindo. Quantas vezes comprei
bilhete, em restaurante, um
monte de bilhete, e nunca
conferi. Depois que eu conheci esses dois velhinhos
sabe, eles ficavam, eu ia lá
com eles, comprava, eles ficavam [conferindo]...
Folha - O sr. admite que o
volume de prêmios é anormal?
Ozilak - Eu admito o volume de jogo e o negócio de
conferir. Só isso.
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