São Paulo, domingo, 13 de junho de 2004

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PAINEL

Olha eu aqui
José Sarney assiste de camarote à batalha do mínimo. O presidente do Senado vai deixar para se manifestar no último minuto. Segundo especulam peemedebistas rivais, para se afirmar como indispensável ao governo nos momentos mais críticos.

Banco de reservas
Renan Calheiros, que também quer mostrar serviço ao Planalto, deixou o licenciado Gerson Camata (PMDB-ES) de sobreaviso: o senador poderá ser chamado de volta para votar os R$ 260. Seu suplente é do PSDB.

Corda esticada
A bancada do PMDB tem 23 senadores. Sem Gerson Camata, são 22, três deles dados como votos certos contra o governo e outros três tentados a fazer o mesmo. Por presidir a Mesa, Sarney não vota. Lula ainda não engoliu a baixa adesão do PMDB aos R$ 260 na Câmara.

Filme antigo
O Planalto insistirá em computar investimentos em saneamento básico como parte dos gastos com saúde quando for regulamentado o artigo da Constituição que vincula recursos para o setor, a ser revisto em 2005. É encrenca certa com a "bancada da saúde" no Congresso.

Umbigo
Manchete do boletim eletrônico "Em Questão", mais conhecido como o "Pravda" do governo Lula: "Pesquisa revela alto índice de leitura do "Em Questão'".

Só para o ano
Amir Lando (Previdência) vai designar força-tarefa para acelerar pedidos de benefícios do INSS em São Paulo, represados devido à greve. Seriam 600 mil os casos à espera de avaliação.

Direto do serpentário
Maldade pefelista sobre ACM ter dito que Jorge Bornhausen privilegiou sua "corriola" no programa do partido: Marco Maciel, que se dá bem com o catarinense, também não apareceu na TV. Como Antonio Carlos, ele derrubaria a audiência.

Até ela
O PFL planeja campanha municipal bem-humorada, com bonecos de inspiração carnavalesca. Um deles será a Velhinha de Taubaté, crédula personagem de Luis Fernando Verissimo, com a inscrição "Desisto!".

Outra história
Mesmo depois de selada a aliança entre PSDB e PFL na capital paulista, os partidos devem caminhar separados no primeiro turno em importantes cidades do interior, como Campinas, Sorocaba e Ribeirão Preto.

Assim não vale
Pefelistas dizem que tucanos gostam de alianças apenas quando encabeçam a chapa. Citam como exemplo São José dos Campos, onde o PSDB tenta convencer seu "parceiro natural", mais bem posto nas pesquisas, a se contentar com a vice.

Correndo por fora
No poder em São José desde 1997, o PSDB não abre mão de lançar candidato próprio na cidade, que integra a base política de Geraldo Alckmin. Quem se beneficia da divisão é o petista Carlinhos de Almeida, na liderança das intenções de voto.

Dona patroa
A exemplo de Alexandra Tavares, mulher do governador do Maranhão, José Reinaldo, quem dá as cartas na articulação política do PFL em Curitiba é a primeira-dama Marina. A ascendência dela sobre Cássio Taniguchi já rendeu ao prefeito o apelido de "Robocássio".

Saia justa
Em evento recente, a filha de poloneses Marina praticamente retirou o microfone das mãos do prefeito para elevar o tom das críticas a Lula. Na platéia, o vice-líder do governo Beto Albuquerque (PSB-RS) corou.

TIROTEIO

Do deputado petista Paulo Delgado (MG), sobre as divisões internas no partido e no governo no momento em que a economia dá sinais de recuperação:
-Agora deveria ser a hora de capitalizar o crescimento do PIB. O governo é um cavalo no rumo certo. O problema é que a Fazenda é um manga-larga marchador, enquanto os outros ministérios são lentos pangarés.

CONTRAPONTO

O que era doce acabou

O deputado Chico Alencar (RJ), da esquerda petista, assina um dos 45 artigos do livro "Chico Buarque do Brasil", recentemente lançado em comemoração aos 60 anos do compositor.
Amigo do xará há mais de 25 anos, o parlamentar alinhavou o texto "Lula, quero luz!", com versos de músicas de Chico.
Ao escrever, Alencar já vivia o desencanto que o levaria a ficar contra decisões de governo como o salário mínimo de R$ 260.
Isso transpira quando o deputado narra o encontro de Chico Buarque com Lula às vésperas da eleição de 2002, em reunião com artistas no Canecão, Rio.
Lembrando-se do clima eufórico de "Lula quase lá" daquele momento, Alencar não resistiu e recorreu a um verso de "Até pensei", modinha composta pelo xará na década de 60:
-"A felicidade morava tão vizinha/ que de tolo até pensei que fosse minha".


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