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NA EUROPA
Segundo assessor especial da Presidência, Brasil incluiu proposta em documento final sobre o encontro de Londres
Lula participa hoje de reunião da Terceira Via
MARIA LUIZA ABBOTT
DE LONDRES
Apesar de o assessor especial da
Presidência da República, Marco
Aurélio Garcia, dizer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
não faz parte da Terceira Via, o
governo brasileiro está participando da elaboração do documento final da reunião da cúpula
da Governança Progressista que
começou anteontem, em Londres, e da qual Lula participa hoje.
A pedido do Brasil, foi incluído
no texto uma frase em que os
membros da Terceira Via apóiam
"novas discussões sobre o fundo
internacional de combate à fome"
proposto por Lula. "Alguns
acham que o documento é o mais
importante. Para nós, o mais importante é vir à reunião e o presidente Lula apresentar sua agenda
para o mundo, que é centrada nas
questões sociais", disse Garcia.
Mas ainda houve muitas divergências sobre o documento, que
será assinado pelos 15 chefes de
Estado e/ou de governo que participam do encontro. O Brasil se
opõe à proposta britânica de um
apoio mais explícito ao chamado
direito de proteção dos países.
Segundo o assessor, embora a
discussão não trate abertamente
da teoria do ataque preventivo defendida pelos Estados Unidos, essa é a questão de fundo, e o Brasil
não concorda em avançar no tema. "O princípio de não intervenção faz parte da política externa
do país há muito tempo", segundo ele, e não há motivos para
avançar na discussão porque nem
na ONU o assunto está maduro.
Lula participa hoje do seu primeiro compromisso na reunião
da Terceira Via, fazendo um discurso rápido no Simpósio Público, com outros oito governantes,
na sede do encontro, no hotel Hilton Metropole, em Londres. Antes disso, visita o Pavilhão Niemeyer, obra do arquiteto brasileiro
Oscar Niemeyer, e depois tem um
encontro com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, anfitrião
da conferência. Na agenda com
Blair, a reforma do Conselho de
Segurança da ONU, proposta pelos britânicos, e o possível apoio à
candidatura do Brasil a uma vaga
permanente no conselho.
Ontem, durante a reunião da
cúpula da Governança Progressista, o ex-presidente americano
Bill Clinton propôs a criação de
nova linha de financiamento do
Fundo Monetário Internacional
(FMI) ou do Banco Mundial para
que os países em crise possam fazer as chamadas políticas anticíclicas, ou seja, adotar medidas de
estímulo ao crescimento com os
ajustes econômicos. "Seriam novas linhas no FMI ou no Banco
Mundial para dar recursos aos
países que precisam adotar políticas anticíclicas, com prazos de pagamento de 30 anos, a custo mais
baixo ou mesmo que os países
não paguem, desde que adotem
determinadas medidas", disse.
Pouco antes, o presidente do
Chile, Ricardo Lagos, também em
discurso, fez pesadas críticas ao
FMI por impor aos países políticas de ajuste que agravavam o declínio de suas economias.
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