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MULTIMÍDIA
The Guardian de Londres
Em artigo, Lula ataca antecessores
INGLATERRA - "Realismo político
não significa que nós abandonamos nossos sonhos". Com esse título, foi publicado ontem, no jornal inglês "The Guardian", um artigo assinado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
Lula afirma no texto que, após
seis meses de governo, as condições foram criadas para que o
Brasil volte a crescer. Também
posiciona a sua política internacional como voltada à América do
Sul e aos países em desenvolvimento -enquanto defende o
multilateralismo e um "relacionamento maduro" com os EUA e a
Europa-, ataca o fluxo incontrolado de capital financeiro e o protecionismo, e explica a crise de
seu partido como expressão de
democracia interna.
Para ele, as medidas que tomou
até agora são fruto do "realismo
político", mas que nada o fará esquecer os sonhos da esquerda e os
desejos de seus eleitores.
Em uma referência aos governos anteriores, sem citá-los, Lula
afirmou que "desde 1990, o Brasil,
foi um laboratório de receitas econômicas desastrosas que afetaram sua capacidade produtiva,
desmantelaram o tecido social,
enfraqueceram o poder regulatório do Estado e aumentaram sua
vulnerabilidade em relação às
pressões externas". "Nós herdamos um fardo pesado."
Para ele, o novo governo conseguiu vencer a situação e evitar o
colapso econômico. "Disciplina
fiscal, altas taxas juros no curto
prazo, uma política de exportação
agressiva e a reforma da previdência ajudaram a reviver a economia e a confiança nacional e internacional", afirma. Os resultados de sua política econômica,
afirma Lula em seu artigo, "criaram condições para, em seis meses, o retorno ao crescimento do
país e do emprego".
Na área externa, Lula fala da importância do papel regulatório do
Estado na economia -citando os
exemplos de fracasso que a globalização impôs a alguns países. E
afirma que "a retórica do livre
mercado contradiz as práticas
protecionistas dos países ricos".
O fluxo de capital financeiro
sem controle pode, segundo afirma, "desestabilizar um país em
horas". Para Lula, é preciso uma
nova política internacional que
torne o mundo "mais justo e democrático". "Deve-se dar um fim
à anarquia financeira internacional e às pressões que exerce sobre
os países em desenvolvimento".
Na ordem de prioridades internacionais, o presidente coloca a
América do Sul como principal
objetivo, com uma agenda de "integração econômica e um futuro
de moeda comum". O segundo
alvo é a África e o mundo árabe.
"A criação do grupo G3 pelo Brasil, Índia e África do Sul representa um passo decisivo no fortalecimento das relações sul-sul, enquanto solidificamos um relacionamento maduro com os EUA e a
Europa", defende.
Numa clara intenção de explicar
a crise de seu partido, o presidente
afirma que "o PT se define como
um partido socialista de esquerda
e de massas que é democrático em
sua organização interna".
Para Lula, o "realismo político
não deve ser entendido como
uma justificativa para abandonar
os sonhos em que está baseado o
pensamento de esquerda".
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