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Disputa opõe 'negociador' a 'administrador'
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quem comparar os programas de Luiz Inácio Lula da Silva e José Serra poderá ter dificuldade em descobrir diferenças fundamentais entre as propostas, mas distinguirá com
clareza os perfis com que os
candidatos se apresentam aos
eleitores -a disputa se dá, respectivamente, entre um negociador e um administrador.
O documento petista prega,
logo na introdução, que o país
precisa de um "novo contrato
social". Lula e o PT, citados cada um apenas uma vez ao longo de 71 páginas, se propõem a
articular pactos amplos para
temas que vão dos direitos trabalhistas à política comercial.
Na linha paz e amor do marketing da campanha, o programa praticamente só traz diretrizes e conceitos a serem seguidos, normalmente acompanhados da palavra "social". Fala em inclusão, equilíbrio, responsabilidade, justiça, conteúdo e até infra-estrutura social.
Enquanto Lula trata dos pontos de partida, Serra prefere os
de chegada. Seu programa é repleto de metas, números e projeções com precisão de duas casas depois da vírgula. São receitados "choques de eficiência"
em todos os setores.
O nome do tucano é citado
144 vezes nas 74 páginas, associado a suas promessas e aos
feitos como parlamentar e ministro. Fora esses casos, o governo FHC recebe breves menções em apenas sete páginas.
Os candidatos, é claro, procuram tirar partido das melhores
qualidades que imaginam ter.
Lula seria o líder que conseguiu unir as alas de seu partido,
amadureceu e incluiu em sua
rede de alianças até inimigos
do passado, como empresários
e políticos conservadores.
Já Serra busca a imagem de
político e economista experiente e obstinado, que aprendeu
no Congresso e no ministério a
lidar com orçamentos, a identificar e corrigir os problemas.
As qualidades, conforme a
ótica, podem virar defeitos. Os
adversários de Lula vão prever
um governo hesitante, envolto
em impasses; os de Serra enxergarão um viés personalista e
tecnocrático numa eventual vitória tucana.
(GUSTAVO PATÚ)
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