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Candidatos travam torneio de alianças
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A semana foi marcada pelo esforço de Luiz Inácio Lula da Silva
(PT) e de José Serra (PSDB) para
adensar as respectivas tropas, já
mergulhadas na batalha do segundo turno. Travou-se um torneio de alianças e apoios.
A dança partidária produziu
uma coreografia que reforça o estereótipo de que a política é o território da farsa. Aos poucos, o
eleitor descobre que já não há inimizade que possa ser levada a sério. Serra, por exemplo, discou
para Inocêncio Oliveira (PFL-PE).
No íntimo, o despreza. Entre quatro paredes, o chama de fisiológico. Inocêncio já o havia apoiado.
Trocou-o, porém, por um Ciro
Gomes em fase áurea, com 27%
nas pesquisas.
Foi insultado nos bastidores do
comitê tucano. Na quarta-feira,
trocava sorrisos e apertos de mão
com Serra, em reunião do candidato com a pefelândia, na casa do
vice-presidente Marco Maciel.
O tucano fechou a semana dividindo um palanque com Joaquim
Roriz (PMDB-DF), enrolado em
fitas cassetes que registram diálogos que manteve com grileiros de
terras em Brasília.
Também Jorge Bornhausen
(PFL-SC) se achegou a Serra. O
mesmo Serra a quem acusara de
abater, a golpes de "espionagem
suja", o sonho presidencial de Roseana Sarney (PFL-MA).
Seguindo os passos do pai José
Sarney, cujo governo o PT tachava de "corrupto", Roseana "lulou". Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), o "oligarca", também
lulou. Delfim Netto (PPB-SP), patrono "do arrocho salarial" da era
militar, idem.
Leonel Brizola (PDT-RJ), a
quem Lula deve o apelido de "sapo barbudo", reforça a trincheira
do presidenciável petista. Hoje,
um batráquio dócil, de barbas
aparadas. Incapaz de repetir o raciocínio segundo o qual Brizola,
para chegar à Presidência, "pisaria no pescoço da própria mãe".
O "ódio a Serra" empurrou para
o colo de Lula o PTB de Roberto
"tropa de choque de Collor" Jefferson e de José Carlos "empréstimos de PC Farias" Martinez.
Questionados, os petistas repetem: "apoio não se recusa".
Itamar Franco que o diga. Na
campanha de 1986, chamava
Newton Cardoso de "ladrão".
Três eleições depois, compunham
a chapa que hoje governa Minas.
Brigaram meses atrás. Reencontram-se na espaçosa arca de Lula,
sob a bandeira "da paz e do
amor". Os eleitores não perdem
por esperar. Há muito por vir. Jader "Sudam" Barbalho (PMDB-PA) está prestes a anunciar o seu
apoio a Serra. E Paulo "ilhas Jersey" Maluf pende para Lula.
(JOSIAS DE SOUZA)
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