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ELEIÇÕES 2002/ESTILO DE CAMPANHA
Roupas traduzem "jeito de corpo" de cada candidato
Visuais revelam alma política dos presidenciáveis
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Imagem é tudo. O slogan do refrigerante pode bem se aplicar às
eleições presidenciais de 2002. Vivemos na era das celebridades, e o
grande público segue, como num
comício, os sinais emitidos por
gravatas, camisas, ternos e penteados. Aprendemos a interpretar, inconscientemente, o que comunicam os elementos do vestuário dos candidatos.
Este ano, mais do que em outros
tempos, a maneira como eles são
vistos pela grande massa eleitoreira é fundamental.
A virada se deu com o novo visual de Luiz Inácio Lula da Silva,
que adotou ternos bem-cortados,
sorriso limpo e barba aparada. A
partir daí -e depois do sucesso
da iniciativa- toda atenção é
pouca quanto à roupa de cada
aparição.
Lula parece continuar o mais
preocupado com o "style". Passado o barulho em torno dos famosos ternos de R$ 4 mil (que, afinal,
não teriam custado tudo isso), o
petista tem caprichado principalmente nas cores das camisas, seguindo uma tendência global.
Aqui, a intenção é suavizar e dar
ao candidato um ar mais cosmopolita mesmo, mais sofisticado. E
tome o cor de rosa (da moda), o
amarelo, e até mesmo um esquisito tom de verde, usado em Goiânia nesta semana. O azul "trocador de ônibus" vem sendo deixado para ocasiões mais populares,
como a caminhada que deu início
à campanha. Para o dia em que foi
indicado o candidato do partido,
uma estratégica gravata vermelha
-com a camisa num azul irretocável- deu provas de que a turma de Duda Mendonça sabe o
que está fazendo. Ao menos no
quesito fashion.
Quem vem acertando é Ciro
Gomes, mais para o estilo clássico, querendo fazer a linha empreendedor-maduro-e-sério: taí
algo que uma boa camisa branca,
bem lavada e engomada, não
deixa dúvida. É um look que o
eleitorado feminino adora. Ciro
é o bonitão da eleição.
Enquanto o candidato do PPS
morre de medo de desenvolver a
tradicional pança dos políticos
-inimiga de qualquer personal
stylist-, Garotinho se joga. Sem
medo de ser feliz, come tudo o
que quer, dando trabalho a seu
alfaiate. Mas pouco inova: prefere investir numa espécie de menu de gravatas e na camisa pólo
(supercareta, claro). E na tal camisa azul, com gravata e prendedor, sinais de conservadorismo.
José Serra também é fã dessa linha, mais convencional. Calça
bege, camisa azul, mocassim...
Seu look é tão em cima do muro
quanto ele, insosso, o verdadeiro
não-estilo. A melhor imagem de
José Serra é Rita Camata.
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