|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CPI do Grampo não vai apurar denúncias da operação da PF
Segundo o presidente da comissão, Marcelo Itagiba, investigação tiraria CPI do "foco"
Hipótese de criar comissão só
para analisar revelações da
Satiagraha também é
descartada por deputados da
base aliada e da oposição
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do pedido de alguns
setores da oposição, líderes da
base aliada ao governo e o presidente da CPI das Escutas Telefônicas da Câmara, deputado
Marcelo Itagiba (PMDB-RJ),
afirmam que as denúncias da
Operação Satiagraha não farão
parte das investigações na comissão. Uma nova CPI exclusiva para o caso Daniel Dantas
também vem sendo descartada
por aliados e oposicionistas.
Há um clima de expectativa
no Congresso sobre eventuais
novas revelações do caso, já que
o banqueiro investigado pela
PF coleciona amigos parlamentares nas fileiras da oposição e da situação -antes de se
aproximar do governo Lula, era
notória sua proximidade com
tucanos e democratas. A mera
citação a financiamento de
campanha em planilhas
apreendidas em São Paulo já
causou apreensão em Brasília.
Amanhã, a CPI vota requerimentos de convocação de Dantas, do investidor Naji Nahas,
do ex-ministro Luiz Gushiken e
do ex-deputado Luiz Eduardo
Greenhalgh (PT-SP). Também
há pedidos de informações para a Polícia Federal e para a empresa americana Kroll sobre a
Operação Chacal, deflagrada
pela PF em 2004.
O deputado Gustavo Fruet
(PSDB-PR), autor dos requerimentos, argumenta que os depoentes podem contribuir com
informações sobre escutas telefônicas clandestinas realizadas
pela Kroll. O parlamentar admite, no entanto, que um dos
objetivos é descobrir detalhes
do esquema apurado pela PF.
"Temos que ouvir o Dantas
por ser o contratante da Kroll.
O Gushiken, por ter sido vítima
de espionagem, o Greenhalgh,
porque teria sido objeto de escuta, e o Nahas, pelo seu envolvimento com a Telecom Italia.
Mas é uma semelhança de operação envolvendo os mesmos
personagens. Pode ser que isso
represente alguma coisa", disse
o deputado.
A disposição do tucano esbarra na vontade do governo de
apurar os fatos. Amanhã, antes
da sessão da CPI, o líder do PT,
Maurício Rands (PE), reúne
sua bancada para decidir sobre
o que fazer com os requerimentos. Rands argumenta que as
investigações da PF na Operação Satiagraha já estão muito
avançadas, portanto não há
motivo para levar o assunto a
uma CPI no Congresso. Ele
afirma ainda não ter certeza se
o depoimento de Dantas, Nahas, Gushiken e Greenhalgh estariam relacionados com a CPI
do Grampo, por isso cogita
orientar sua bancada a votar
contra os requerimentos.
O presidente da comissão
também descarta estender as
investigações para qualquer assunto que não seja escutas.
"Não podemos sair do foco da
CPI. Temos um trabalho que é
realizado para investigar escutas. Qualquer coisa que apareça
fora disso não é problema dessa
comissão; que façam outra
CPI", disse Itagiba.
Além disso, não há nem na
oposição nem na base disposição para tentar abrir uma nova
CPI exclusivamente para investigar o caso.
"Precisamos aguardar o
avanço das investigações para
ver se é o caso de uma nova CPI.
Por enquanto, a não ser pelos
crimes cometidos por Dantas,
tudo o que temos são ilações.
Não há nada que comprove, por
exemplo, o pagamento de propina para deputados da Comissão de Ciência e Tecnologia da
Câmara", disse o senador José
Agripino Maia (RN).
Texto Anterior: Trechos: Conversa entre Daniel e Verônica Dantas Próximo Texto: Eleições 2008 / Ambiente: Agronegócio disputa cidades desmatadoras Índice
|