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Banrisul só cobrou vendedor de casa a Yeda após escândalo
Banco estatal demora 5 meses para entrar com ação de cobrança de dívida de R$ 2,2 mi
Para oposição, empresário pode ter se beneficiado no banco por causa de relação com governadora; Banrisul e Yeda negam irregularidades
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O Banrisul só moveu ação de
cobrança de dívida contra
Eduardo Laranja da Fonseca,
que vendeu uma casa à governadora Yeda Crusius (PSDB),
após a compra do imóvel virar
foco da crise política gaúcha.
Laranja é peça-chave na apuração que os oposicionistas PT
e PSOL pediram ao Tribunal de
Contas do Estado sobre o suposto enriquecimento ilícito da
governadora. Yeda declarou ter
comprado a casa por R$ 750 mil
em dezembro de 2006 -valor
superior ao da declaração de
bens que ela apresentou antes
da campanha (R$ 674 mil).
Entre novembro de 2003 e
2004, a Self Engenharia e Empreendimentos Imobiliários
Ltda., que tem Laranja como
principal sócio, obteve dois empréstimos no Banrisul -no valor total de R$ 3,7 milhões- para construir condomínios residenciais em Porto Alegre. Só
parte das prestações foi paga. A
Folha apurou que, em 23 janeiro deste ano, o Banrisul incluiu
a dívida restante (R$ 2,2 milhões) na conta "créditos em liquidação" -etapa que antecede a fase da cobrança judicial.
O banco levou quase cinco
meses para ingressar com ação
de cobrança. Isso só foi feito em
6 de junho, quase 40 dias depois que a transação imobiliária entre Yeda e Laranja foi
questionada na CPI, no auge da
crise provocada pelo desvio de
R$ 44 milhões no Detran. A
fraude foi revelada pela Operação Rodin, da Polícia Federal,
realizada em novembro de
2007 e que deflagrou a crise.
"A nossa suspeita é que o sr.
Laranja possa ter sido beneficiado numa estatal a partir das
relações dele com a governadora", disse a deputada Stela Farias (PT), que pediu apuração
no TCE sobre suposto favorecimento ilegal pelo banco.
O Banrisul nega irregularidades. Um dos diretores do banco,
Urbano Schimitt, disse que não
houve demora para ingressar
com as ações. "Antes de ingressar com a cobrança judicial, o
banco tentou uma negociação",
disse. Por meio de assessoria,
Laranja não quis se manifestar.
O procurador do Ministério
Público do TCE, Geraldo Da
Camino, deve anunciar hoje se
abrirá ou não apuração sobre a
compra da casa. Na defesa ao
TCE, Yeda diz que obteve R$
592 mil com a venda de dois
apartamentos e um Passat 98
para pagar R$ 550 mil de entrada na casa. Os outros R$ 200
mil só seriam pagos após Laranja liquidar outras dívidas
com o Itaú, que também deram
origem a ações de cobrança.
Segundo a defesa de Yeda, o
ex-secretário de Governo Delson Martini -demitido em junho após ser citado em telefonemas de acusados da fraude
do Detran- foi o comprador do
Passat 98, por R$ 32 mil. Outros R$ 180 mil usados na compra da casa foram pagos pelo
pai dele, Delacy Martini, pela
compra do apartamento de Capão da Canoa (litoral gaúcho).
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