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NO DIVÃ
Deputado de Sergipe é o único dos quatro petistas ameaçados de expulsão que preparou para hoje uma "defesa jurídica"
Fontes afirma que é um "réu sem crime"
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado João Fontes (PT-SE), 45, é o único dos quatro petistas "radicais" que preparou uma
"defesa jurídica" para apresentar
nos 15 minutos a que terá direito
hoje. Definindo-se como um "réu
sem crime", Fontes vai listar quatro argumentos: que não teve direito a defesa, que membros do
governo ou que fizeram indicações para cargos no governo são
suspeitos para votar, que o estatuto do PT permitiria votar contra o
governo e que aqueles que mudaram suas convicções é que deveriam estar no banco dos réus.
Fontes criticava o governo desde março, mas era ignorado pela
cúpula partidária, que dizia que o
deputado queria apenas aparecer.
Ao divulgar em maio uma gravação em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendia, em
1987, posições contrárias às que o
governo hoje pratica, Fontes entrou finalmente para a lista negra
da direção petista.
"Não inventei, não criei aquela
fita. Nem divulguei para denegrir
ninguém, mas para justificar a
minha votação contrária à reforma da Previdência", afirma Fontes, que iniciou a vida política no
PL e esteve no PSB até se filiar ao
PT, em 1999.
"Na época, a votação era pelo
diretório, não era como hoje, pela
internet", diz.
O passado político do deputado, que integrou governos do
PDS e do PFL em Sergipe, levou a
cúpula petista a tachar o deputado de falso esquerdista.
"É uma desqualificação baixa e
sorrateira. Se eu tinha um passado que comprometia o partido,
por que me filiaram com uma
grande festa em 1999?", questiona
Fontes, que reconhece ter cometido um deslize ao se filiar ao PL em
1987, partido do qual foi presidente da executiva regional.
Segundo o deputado, o ministro
José Dirceu (Casa Civil) teve com
ele uma relação pessoal a partir de
1999, tendo se hospedado em sua
casa uma vez.
Padre
Fontes começou a vida política
trabalhando em comunidades de
base ligadas à Igreja Católica, por
influência da mãe, que abrigava
em sua casa perseguidos políticos
do regime militar (1964-1985). Em
meados da década de 90, o hoje
deputado viajou à Itália e, afirma,
cogitou se tornar padre.
Na primeira eleição de que participou, a de 2002, diz ter sido boicotado pelo PT local, comandado
pelo hoje prefeito de Aracaju,
Marcelo Déda, e pelo atual presidente da Petrobras, José Eduardo
Dutra.
"Enquanto era militante, enquanto os ajudava juridicamente,
era paparicado por todos do partido. Quando resolvi me candidatar, armaram uma metralhadora
contra mim", afirmou o deputado, que afirma ter assegurado seu
registro de candidato por meio da
Justiça Eleitoral.
Casado e pai de uma filha de 4
anos, Fontes diz que, a exemplo
da oposição, o PT cometeu um estelionato eleitoral. "Depois da
carta de compromisso do governo com o FMI [Fundo Monetário
Internacional], em fevereiro, passei a me rebelar", disse.
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