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O ARREPENDIDO
Radicais fazem
"jogo da direita",
diz Lindberg
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado Lindberg Farias
(PT-RJ), 34, percorreu os dois extremos nos últimos meses. De um
início de ano em que disputava
entrevistas para criticar a política
econômica e as propostas de reforma do recém-empossado governo petista, Lindberg desapareceu das páginas de jornais para retornar do lado governista.
Pré-candidato do partido à Prefeitura de Nova Iguaçu (RJ), o ex-líder estudantil coroou sua nova
postura ao subir na tribuna da Câmara para discursar favoravelmente à aprovação da reforma da
Previdência. Ele nega as acusações de que tenha repensado sua
atuação para obter o apoio do
partido à sua pretensão eleitoral.
Lindberg afirma que o governo
de Luiz Inácio Lula da Silva é bem
diferente do que o do começo do
ano, diz que os "radicais" acabam
fazendo o "jogo da direita" e
acrescenta ter ouvido de Lula que,
daqui para a frente, "o governo
vai pôr a máquina a todo vapor".
(RANIER BRAGON)
Folha - Como o sr. vê a iminência
da expulsão dos quatro parlamentares petistas?
Lindberg Farias - Minha posição
é pela não-expulsão. Inclusive assinei um documento pedindo isso. O governo Lula está em uma
fase completamente diferente do
primeiro semestre. O governo
tem assumido uma cara mais de
esquerda, mais parecida com as
posições históricas do PT.
Folha - Quais seriam os exemplos
dessa mudança?
Lindberg - Tenho visto uma movimentação na política externa do
governo Lula, uma movimentação que privilegia uma articulação com China, Índia, Rússia e
África do Sul. A posição do governo brasileiro praticamente esvaziou o debate sobre a Alca [Área
de Livre Comércio das Américas],
a assinatura de uma nota pedindo
a saída imediata das forças de
ocupação no Iraque, é preciso entender que essas são posições que
esperávamos de um governo de
esquerda. Quem apostou em uma
tese de que o Lula aderiu à lógica
do neoliberalismo, quem apostou
todas as fichas nisso, acho que errou e quebrou a cara.
Folha - O sr. citou a política externa. Internamente, há mudança?
Lindberg - O governo entra em
uma nova fase, de crescimento. O
presidente me falou: "Você acha
que a gente ganhou a eleição para
ficar preso ao modelo do governo
anterior? Vamos colocar essa máquina a todo vapor".
Folha - Como o sr. responde às críticas de que o apoio ao governo
veio em troca do respaldo partidário à sua candidatura em Nova
Iguaçu?
Lindberg - Isso é um equívoco,
não é essa a razão da minha postura. Já era candidato a prefeito de
Nova Iguaçu antes de qualquer
coisa, isso não muda em nada...
Folha - Mas se o sr. continuasse
com as críticas estaria na lista de
expulsão.
Lindberg - Isso é falso. Ainda
confio no presidente Lula. Temos
que entender que o verdadeiro
embate que o governo vai ter são
com as forças de direita. Tenho
medo que alguns se transformem
em inocentes úteis nas mãos da
direita.
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