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CASO SANTO ANDRÉ
Membro de quadrilha e familiares de preso por morte de prefeito trabalharam em empresa de Ronan
Sócio de Gomes da Silva empregou acusados
JULIA DUAILIBI
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Familiares e integrantes da quadrilha da favela Pantanal, apontada como responsável pelo assassinato do prefeito Celso Daniel
(PT), trabalharam para uma das
empresas de Ronan Maria Pinto,
amigo e sócio do empresário Sérgio Gomes da Silva -preso na última quinta-feira sob acusação de
ser um dos mandantes do crime.
De acordo com depoimentos à
Polícia Civil e ao Ministério Público de São Paulo, um adolescente
integrante da quadrilha e dois parentes de Ivan Rodrigues da Silva,
chefe do grupo e conhecido como
Monstro, prestaram serviços à
Viação Urbana Transleste.
Seis integrantes dessa quadrilha
foram presos sob acusação de terem participado do assassinato de
Celso Daniel. Monstro é apontado como o chefe do grupo.
Para a Promotoria, Gomes da
Silva, que estava no carro com
Daniel no momento em que o
prefeito foi sequestrado, é um dos
mandantes da ação criminosa.
A Transleste, que atuava em São
Paulo, é mais uma das mais de 20
empresas que já foram ou são de
Ronan na área de transporte público. O nome da empresa mudou
para Santo Expedito e depois para
Santa Bárbara.
Em junho do ano passado, Ronan foi denunciado (acusado formalmente à Justiça) por formação
de quadrilha e concussão (extorsão praticada por servidor) por
um suposto esquema de cobrança
de propina na administração pública de Santo André. A denúncia
ainda não é ação judicial.
Esquema
João Francisco Daniel, irmão do
prefeito assassinado, chegou a dizer que parte do dinheiro arrecadado nesse suposto esquema de
propina financiaria campanhas
eleitorais do PT -o que o partido
sempre negou.
Em seu depoimento à polícia no
ano passado, o irmão de Monstro,
Gilvam Rodrigues, afirmou que o
pai, Miguel Rodrigues, trabalhou
como motorista na Transleste.
Além do pai, um padrinho do
preso também teria sido empregado da empresa.
Outro personagem da favela
Pantanal também afirmou ter
prestado serviços à empresa, sem
vínculo empregatício formal.
Detido em 7 de fevereiro de
2002, duas semanas após a morte
de Daniel, o menor C.C.R. disse à
polícia ter levado a Blazer usada
no sequestro do prefeito até a favela Pantanal. Isso teria ocorrido
dois dias antes da ação.
C.C.R. afirmou também ter
prestado serviços para a EPT
(Empresa Pública de Transporte)
de Santo André, para as viações
Transguarulhense e Transleste
(que pertencia a Ozias Vaz, amigo
de Gomes da Silva e de Ronan).
Chefe
Nas escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal, logo após a
morte de Daniel, foi captado um
diálogo entre uma advogada de
Ronan e Gomes da Silva. Na conversa, eles se referem a Ronan como "chefe" de ambos. Ronan e
Gomes da Silva foram sócios ainda em uma empresa de transporte
fora de São Paulo. Em seu depoimento à Promotoria, Gomes da
Silva disse que seu sócio, o "gestor", tomava todas as decisões administrativas importantes.
Houve uma contradição grave
em seu depoimento. Gomes da
Silva disse que, apesar de trabalhar com Ronan, não tinha nem
nunca teve nenhuma empresa em
São Paulo. Documentos da Junta
Comercial paulista, no entanto,
colocavam Gomes da Silva como
sócio majoritário do colega em
uma de seus empresas. Na ocasião, ele disse que não sabia.
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