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Garotinho culpa PT por assessor
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-governador e secretário de
Segurança do Rio, Anthony Garotinho, declarou ontem que o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência Waldomiro
Diniz, que participou de seu governo no Rio (1999 a abril de
2002), fazia parte da "cota do PT".
Waldomiro Diniz foi exonerado
do cargo a pedido pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva após divulgação, pela revista "Época", de
fita de vídeo na qual ele aparece
negociando com um bicheiro o
favorecimento em licitações em
troca de propinas ("quero 1% pra
mim") e contribuições para as
campanhas eleitorais de Benedita
da Silva (PT) e Rosinha Matheus
(hoje no PMDB), ambas candidatas ao governo do Rio em 2002.
"Ele era amigo do ministro José
Dirceu [Casa Civil] e foi indicado
pelo PT", afirmou. Em março de
1999, Waldomiro foi nomeado
para a representação do governo
fluminense em Brasília. Em fevereiro de 2001, ele deixou o cargo
para assumir a presidência da Loterj (loteria do Estado do Rio), onde ficou até final de 2002.
Garotinho foi eleito em 1999 em
aliança com o PT, tendo a ex-ministra Benedita da Silva como vice-governadora. Em abril de
2000, porém, os petistas romperam com Garotinho e deixaram o
governo, mas Waldomiro não só
manteve a Representação do Rio
em Brasília como no ano seguinte
foi nomeado presidente da Loterj.
A governadora Rosinha Matheus (PMDB) defendeu a permanência de Waldomiro na gestão
de Garotinho: "Não temos a política da perseguição. Quando o PT
saiu do governo Garotinho, algumas pessoas do PT permaneceram no Estado". Ela deu entrevista ao lado de Garotinho, após chegar ao Rio, vindos de uma viagem
de uma semana por Israel.
Garotinho pediu a demissão do
ministro José Dirceu (Casa Civil)
e a instalação de uma CPI para investigar as relações do com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira: "É preciso
que haja uma investigação séria,
porque não há a menor dúvida de
que ele era uma pessoa da maior
confiança do ministro José Dirceu. Isso eu posso testemunhar".
O ex-governador disse ter ficado surpreso com a denúncia contra Waldomiro, que considerava
"uma pessoa muito elegante e
educada". Disse que esteve com o
ex-funcionário do Presidência há
20 dias, durante um encontro
com o ministro Dirceu, do qual
participou o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). "A nossa relação com o José Dirceu ficou
muito desgastada e ele [Waldomiro] era quem fazia a nossa ligação com o ministro. Sempre que
havia algum assunto de interesse
do Estado, que passava pela Casa
Civil, era o Waldomiro que ligava
para a gente", disse Garotinho.
Sem autorização
O ex-governador afirmou que
conheceu Diniz em 1999, quando
convidou o ex-governador Cristovam Buarque para ser seu secretário de Educação. Waldomiro
havia sido assessor parlamentar
de Buarque durante seu governo
no Distrito Federal. "Ele participou da reunião que tive com o
Cristovam", disse Garotinho.
Rosinha reafirmou que não autorizou Waldomiro a pedir dinheiro em seu nome. Na conversa
com o Carlinhos Cachoeira, Waldomiro pediu que o bicheiro
doasse R$ 150 mil para a campanha de Rosinha: "Se ficar comprovado que ele pediu dinheiro
em meu nome, vou entrar com
uma ação judicial contra ele".
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