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RUMO A 2004
Partido inicia operação de alianças amplas para vencer eleições municipais
Documento do PT vê eleição como plebiscito para Lula
PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT avalia que as eleições municipais de 2004 serão um "plebiscito" sobre a gestão de Luiz Inácio
Lula da Silva e inicia uma operação de alianças amplas para tentar
sair delas como vitorioso, passo
importante para a disputa pela
eventual recondução a um segundo mandato presidencial.
O PT, em documento interno
que cria o Grupo de Trabalho
Eleitoral -nove petistas que definirão as cidades onde a campanha será tida como prioritária e
que formularão a estratégia geral
para as eleições-, reconhece que
o partido terá contra si os argumentos que usou em 2000.
Afirma o texto que, naquele
ano, o PT obteve uma "vitória
maiúscula" ao ter sucesso na estratégia de dar "papel de plebiscito sobre o governo [de Fernando
Henrique Cardoso] e sua política"
às eleições locais.
"Embora não seja exatamente a
vontade do PT, muito provavelmente as eleições municipais vão
assumir este papel, transformando-se no primeiro teste eleitoral
do governo Lula", analisa o secretário de Organização, Silvio Pereira, escolhido pelo Diretório Nacional como o coordenador do
Grupo de Trabalho Eleitoral
(GTE), a exemplo do que ocorreu
em 2002.
O GTE tem entre suas funções a
"implementação da política de
alianças nos municípios, operando em nível nacional com os partidos aliados" e a manutenção de
"relacionamento estreito com os
governos do PT para resposta rápida e eficaz a eventuais ataques
adversários".
Na eleição de 2002, foi obrigado
a intervir em diretórios que resistiram à aliança com o PL, como
no caso de Alagoas, em que a senadora Heloísa Helena desistiu de
concorrer ao governo do Estado
por se recusar a receber apoio dos
que chamou de "colloridos, usineiros e indiciados na CPI do
Narcotráfico".
Capilaridade
O PT elegeu, em 2000, 186 prefeitos, sendo 6 de capitais. Administra hoje 189 cidades, sendo 8
capitais. A filiação ao partido na
semana passada do prefeito de
Macapá, João Henrique Pimentel,
que deixou o PSB, é um exemplo
da estratégia a ser adotada.
Na negociação de sua adesão,
Pimentel teve assegurada a obtenção da legenda para tentar sua
reeleição no ano que vem.
Assim o PT contará com a máquina municipal em uma região
em que sua base é frágil -conseguiu eleger, por exemplo, em todo
o Estado de Roraima, apenas um
vereador em 2000 e um deputado
estadual em 2002.
O governador Flamarion Portela, que foi do extinto PPB e trocou
o PSL pelo PT, usará também a
força da máquina estadual na tentativa de ampliar os espaços dos
petistas no Estado.
Esse é um exemplo de formas
que o comando do PT usará para
aumentar o que chama de "capilaridade" do partido, em especial
nas regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, abrindo mão de ter
candidaturas sem chances eleitorais reais.
Alianças
A estratégia para a eleição de
2004 é tentar fazer o maior número possível de alianças, priorizando os partidos de sustentação ao
governo Lula: PMDB, PTB, PPS,
PSB, PC do B e PL. O PT aceitará
abrir mão da cabeça de chapa em
cidades em que haja um aliado
com reais chances de vitória.
Em nome dessas alianças, a Executiva Nacional do PT alterou o
prazo de definição dos candidatos
para a eleição do ano que vem.
Em princípio, os diretórios municipais deveriam definir seus pré-candidatos obrigatoriamente até
3 de outubro deste ano.
Agora o partido decidiu fixar
em 12 de março de 2004 a data
máxima para a definição de pré-candidatos a prefeito. Em 3 de outubro, os diretórios vão ter de decidir se o PT vai ou não apoiar um
candidato majoritário de outro
partido, proposta que deve ser
apresentada por no mínimo um
terço do diretório ou comissão
executiva municipal.
Prévias
Oficialmente, são previstas prévias petistas nas cidades em que
houver mais de um postulante,
mas o presidente nacional do PT,
José Genoino, pretende reduzi-las
ao menor número possível.
Acredita que as prévias podem
causar traumas no partido, a
exemplo do que ocorreu no Rio
Grande do Sul no ano passado,
quando o então governador Olívio Dutra perdeu a disputa interna para Tarso Genro, que foi derrotado na reta final da eleição.
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