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Partido admite aliança até com PSDB
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estratégia eleitoral que o PT
está montando para a eleição municipal de 2004, a primeira que
disputa no governo federal, prevê
uma política de "portas abertas"
para alianças partidárias e a participação do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva na campanha.
Desta vez, diferentemente do
que ocorreu em 2000, não haverá
vetos da direção nacional a coligações com partidos considerados
de direita, como PFL e PP.
Mesmo alianças locais com setores do PSDB estarão liberadas,
em nome do crescimento no número de prefeituras em poder do
partido -são 189 atualmente.
"A atitude do PT nesta eleição
será mais positiva. O PP acaba de
entrar em nossa base e setores do
PFL apóiam o governo Lula.
Quanto ao PSDB, há afinidade
ideológica em vários municípios", diz Silvio Pereira, que coordenará o Grupo de Trabalho Eleitoral do PT montado para a eleição municipal.
"É claro que há situações em
que isso não é possível. Não dá para ver o [Paulo] Maluf [ex-prefeito de São Paulo, do PP] apoiando
a reeleição da Marta Suplicy em
São Paulo", afirma.
Em 2000, o PT vetou expressamente alianças com pefelistas e o
então PPB. Diretórios municipais
que se rebelaram contra a diretriz
chegaram a sofrer ameaça de intervenção, caso de Governador
Valadares (MG), em que a aliança
era com o PFL local.
A flexibilidade na aceitação de
alianças, para dar maior musculatura eleitoral ao PT, é um dos
componentes de uma articulação
que começa a ser pensada desde já
para a primeira eleição que o partido disputará sem ser oposição.
Prevendo uma campanha fortemente nacionalizada, com o governo de Lula como um dos protagonistas principais, o partido
antecipou em quase um ano a elaboração de sua estratégia eleitoral. "O PT estará na vanguarda da
defesa do governo Lula nesta eleição", diz o presidente nacional do
partido, José Genoino.
Espera-se também "tom elevado" da oposição. "Haverá uma
disputa política de caráter simbólico muito importante em São
Paulo e nas outras capitais. Podemos esperar grau elevado no tom
da oposição", afirma Paulo Ferreira, titular da Snai (Secretaria
Nacional de Assuntos Institucionais), instância petista responsável pelo acompanhamento de
prefeituras do partido.
Reservadamente, petistas admitem que a perda de cidades importantes em poder do partido,
principalmente São Paulo, seria
um golpe duro para a estabilidade
do governo Lula.
No final do ano, o partido deve
realizar uma conferência eleitoral,
em que haverá a recomendação
de reproduzir no plano municipal, sempre que possível, a aliança
que sustenta o governo Lula.
Além de fortalecer as chapas
municipais, os petistas querem
evitar o que avaliam ter sido um
erro do governo Fernando Henrique: deixar que questões menores
comprometam a estabilidade da
base governista e paralisem a administração.
O projeto do PT, que hoje tem
189 prefeituras e 2.467 vereadores,
é dobrar esses números. Apesar
de forte nas capitais, falta ao partido "capilaridade" nos pequenos
municípios do interior, fragilidade que o PT espera ver sanada
apostando na popularidade do
presidente.
Lula, de acordo com a direção
petista, será chamado a emprestar
seu cacife à campanha, na medida
em que sua agenda permitir.
"Vamos ter que combinar a
agenda institucional do presidente com a condição de filiado ao PT
que ele é. Temos que ver formas
de participação do presidente na
campanha", diz Ferreira.
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