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JUSTIÇA
Jacó Bittar, prefeito de Campinas de 89 a 92, sofreu duas condenações na Justiça, ambas confirmadas em 2ª instância
Lula nomeia ex-petista amigo para a Petros
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Condenado em segunda instância em duas ações populares sob
acusação de irregularidades em
sua gestão na Prefeitura de Campinas (SP), Jacó Bittar (PSB), 63,
amigo do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, foi nomeado em
abril último conselheiro da Petros, o segundo maior fundo de
pensão do país, com patrimônio
estimado em R$ 13 bilhões.
Uma das denúncias que resultaram em condenação foi feita pelo
ex-vice de Bittar e ex-prefeito de
Campinas Antônio da Costa Santos, o "Toninho do PT", assassinado em setembro de 2001.
Prefeito de Campinas entre 1989
e 1992, Bittar foi condenado em 94
em primeira instância a ressarcir
os cofres da prefeitura por gastos
numa obra feita sem licitação na
sua gestão para a construção do
aterro sanitário Delta I. Em 98, a
Justiça calculava em R$ 750 mil a
quantia a ser paga por Bittar. A
decisão foi confirmada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
Em outra decisão confirmada
pelo TJ, Bittar foi condenado a devolver parte de R$ 500 mil gastos
em propaganda irregular. A ação
foi movida por um desafeto seu, o
também ex-prefeito José Roberto
Magalhães Teixeira (PSDB).
Bittar é amigo de Lula desde
1978. Participou da fundação do
PT, em 1980, e foi secretário-geral
do partido durante quatro anos.
As denúncias de Toninho (estopim da saída de Bittar do PT, em
1992) e os processos não foram
capazes de abalar essa amizade.
Há dois meses, Jacó e Lula viajaram juntos no avião presidencial
entre São Paulo e Brasília.
Um dos cinco filhos de Lula, Fábio Luiz, 28, trabalhou entre 1997
e 1999 na empresa M7 Produções
Ltda., de Campinas, pertencente
aos dois filhos de Jacó, Kalil, 39, e
Fernando, 35. A empresa atuou
em campanhas de candidatos do
PT na região.
As famílias de Bittar e Lula costumam se encontrar em datas especiais, como Natal e Ano Novo.
Há cerca de quatro anos, Lula
compareceu ao casamento de
Fernando, em Campinas.
Bittar foi nomeado conselheiro
da Petros em abril e tem mandato
de um ano. Ele representará os interesses do fundo de pensão da
Petrobras na empresa Solpart,
holding formada pelo Banco Opportunity que controla a empresa
de telefonia Brasil Telecom.
O trabalho do conselheiro consiste em acompanhar o desempenho da empresa da qual a Petros é
acionista a fim de obter maior
rentabilidade do investimento.
A Folha apurou que a cúpula do
governo federal estuda providenciar um outro cargo para Bittar,
na Petrobras ou na Casa Civil.
O prestígio de Bittar com Lula
tomou dimensão de escândalo
em 1997, quando o secretário de
Finanças da gestão Bittar, Paulo
de Tarso Venceslau, fez denúncias sobre a tentativa de contratação sem licitação da empresa
CPEM (Consultoria para Empresas e Municípios).
Em entrevistas na época, Venceslau contou ter sido chamado
por Bittar em 1990 para que fechasse o contrato com a Cpem,
reivindicação de outro amigo de
Lula, Roberto Teixeira.
Após ter se negado a fechar o
negócio, Venceslau contou ter sido levado por Bittar à presença de
Lula, em São Paulo. O ex-secretário disse que Lula defendeu a contratação sem licitação. Sem apoio
de Venceslau, o negócio só foi fechado em 1992, quando ele já havia deixado o cargo. Lula, Bittar e
Teixeira negam o ocorrido.
Por causa do "caso CPEM", Bittar teve seus bens bloqueados por
ordem judicial por dois anos -situação revertida no ano passado.
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