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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA NA TV
Em pelo menos seis capitais, programa em rádio e TV citará crescimento econômico
PT federaliza horário eleitoral para "surfar" onda econômica
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em pelo menos seis capitais, o
PT vai federalizar o horário eleitoral gratuito. Parte dos programas
de TV e rádio citará a retomada
do crescimento para surfar onda
econômica, dando crédito ao governo federal do PT, para vitaminar as candidaturas municipais.
A Folha apurou que a estratégia
de federalizar as eleições já no início do horário eleitoral gratuito,
que começa na próxima terça-feira, é do publicitário Duda Mendonça. Ele cuida de candidaturas
petistas em cinco capitais -São
Paulo, Belo Horizonte, Recife, Curitiba e Goiânia.
A outra capital onde será aplicada a estratégia é o Rio de Janeiro,
cidade na qual o publicitário Nizan Guanaes, que fez as campanhas do ex-presidente tucano
Fernando Henrique Cardoso, é o
encarregado do marketing político do petista Jorge Bittar.
Há cerca de três meses, a cúpula
do PT e Duda avaliavam que a
oposição federalizaria as eleições
municipais usando dados negativos da economia (alto desemprego e baixa produção industrial,
por exemplo). Mas de lá para cá
houve uma mudança no quadro
econômico. Uma série recente de
sinais positivos, dando conta de
recuperação da economia, veio a
público e ajudou a melhorar a popularidade do governo e o desempenho de candidatos petistas nas
eleições municipais.
Momento estratégico
O ponto alto da federalização
petista deverá ser o final do mês
de agosto, quando será anunciado
o resultado do crescimento do
PIB (Produto Interno Bruto) no
primeiro semestre deste ano. O
anúncio, a pouco mais de um mês
das eleições de 3 de outubro, ajudará a reforçar o clima favorável
ao PT, na avaliação da cúpula do
governo e do partido.
Como revelou anteontem a Folha, Lula já foi informado de que o
PIB cresceu entre 4,5% e 5% no
primeiro semestre deste ano na
comparação com o mesmo período de 2003. O governo fala em
crescimento de 3,5% do PIB. Reservadamente, autoridades do
governo já falavam numa taxa superior a essa, próxima de 4%.
Onde o PT é poder, como São
Paulo, Belo Horizonte e Recife, a
federalização será usada como sinal de que há uma melhoria no
cenário federal promovida pelo
PT e que essas cidades terão a ganhar com prefeitos que pertençam ao partido de Lula. Onde o
PT é oposição, como Curitiba, Rio
e Goiânia, o discurso será o de que
essas cidades deverão buscar um
bom relacionamento com um governo que demonstra êxito na
condução econômica.
É óbvio que questões municipais terão espaço significativo nos
programas dos candidatos do PT,
mas a forma de usar o governo
Lula mudou. A expectativa de ter
um discurso defensivo mudou
para a adoção de um discurso
ofensiva, na linha de que o PT recebeu um país com muitos problemas, tomou medidas duras,
mas começam a aparecer frutos.
O pronunciamento em rede nacional do presidente feito anteontem é uma amostra do que deverá
ser a federalização promovida pelo PT. Lula afirmou: "Não há mais
nenhuma dúvida. Estamos, finalmente, iniciando um novo e importante ciclo de recuperação e
crescimento".
O presidente usou o rádio e a
TV antes do início do horário eleitoral para tentar evitar ou pelo
menos minimizar acusação de
utilizar a máquina pública a favor
dos candidatos do PT.
O governo não admitirá, mas o
pronunciamento teve o objetivo
de fazer ligação entre o bom momento econômico e as eleições.
Os CEUs (Centros Educacionais
Unificados), que já serão uma espécie de coqueluche da propaganda eleitoral da prefeita de São
Paulo, Marta Suplicy, deverão
surgir em outras campanhas de
candidatos petistas como proposta exitosa para a educação.
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