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IMPRENSA
Entidade nega que filiação ao PT tenha contaminado proposta polêmica de criação do Conselho Federal de Jornalismo
Cúpula da Fenaj é formada por petistas
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cinco principais diretores da
Fenaj (Federação Nacional de Jornalismo), que defende a criação
do polêmico Conselho Federal de
Jornalismo, são filiados ao Partido dos Trabalhadores.
Grosso modo, todos dizem que
o fato de serem petistas não contaminou a proposta de criação do
conselho, cuja função prevista é
"orientar, disciplinar e fiscalizar"
o exercício da profissão e a atividade de jornalismo.
Na semana passada, o projeto
foi encaminhado pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso Nacional. E, apesar de a Fenaj assumir a autoria integral do
texto, a questão entrou no centro
do debate e recebeu críticas de
jornalistas e de outras categorias
que viram na proposta uma tentativa de o governo federal do PT
controlar a imprensa.
São filiados ao PT o presidente
da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade, o primeiro-vice-presidente, Fred Ghedini, o segundo-vice-presidente, Antônio Pereira Filho,
o secretário-geral, Celso Augusto
Schroder, e o primeiro-secretário,
Aloísio Soares Lopes.
Com exceção do presidente do
órgão, todos os demais foram ouvidos pela Folha. Andrade foi
procurado pela reportagem na sede da Fenaj, em Brasília, na quarta, na quinta e na sexta-feira, e no
telefone celular.
Os dirigentes filiados ouvidos
pela reportagem manifestaram
contrariedade aos serem questionados sobre filiações partidárias.
"É um desvirtuamento da discussão", disse Pereira Filho, que
também é assessor de imprensa
do Sindprev (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social
e Trabalho) e presidente do sindicato dos Jornalistas de Alagoas.
Para Schroder, professor de jornalismo, a pergunta é uma "ilação
perigosa". "Queremos defender o
trabalho do jornalista, não partidos políticos", declarou.
Ghedini também criticou a pergunta. Além de vice-presidente da
Fenaj, ele é o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
Ghedini está licenciado há quase
três anos de uma redação. "Não
acredito que venha ao caso saber a
filiação partidária de cada um de
nós. Não tenho medo de divulgar
que sou do PT, isso não me desabona, mesmo porque o PT não é
um partido clandestino."
As duas únicas mulheres que
compõem a diretoria da Fenaj,
Maria José Braga e Carmem Lúcia
Souza da Silva, disseram que nunca foram filiadas a partidos políticos -são as tesoureiras do órgão.
"Não sou filiada, mas não tenho
nada contra os que são filiados",
disse Maria José, repórter do "Jornal Popular" e dirigente do sindicato de Goiás. Carmem está licenciada de uma redação e dirige o
sindicato do Pará.
Para alguns entrevistados, o
conselho é vítima de críticas desproporcionais por parte de pessoas que desconhecem o projeto.
Para outros, a proposta foi apresentada ao Congresso em um momento ruim, pois teria coincidido
com uma fase conflituosa de relacionamento entre o governo do
PT e a mídia.
Lopes, que é também presidente do Sindicato dos Jornalistas de
Minas e assessor do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) mineiro,
aponta para o desinteresse de empresas jornalísticas. "Algumas
empresas não querem um conselho que irá fortalecer os jornalistas e, por isso, procuram desinformar a opinião pública", disse.
Contrários
São contrários à criação do conselho a ABI (Associação Brasileira
de Imprensa), a ANJ (Associação
Nacional de Jornais), a Anamatra
(Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) e a
seção paulista da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil).
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