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Em 2 meses, campanha petista gastou quase 4 vezes o total de 98
ANDRÉA MICHAEL
EM SÃO PAULO
GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em dois meses de campanha
oficial, o PT já contabilizou o custo preliminar do primeiro lugar
de Luiz Inácio Lula da Silva nas
pesquisas de intenção de voto para presidente: R$ 11,74 milhões,
quase quatro vezes mais do que
partido gastou na eleição passada
de Lula, em 1998.
Essa proporção aumenta se o
valor do contrato firmado com o
publicitário Duda Mendonça for
o apurado pela Folha -R$ 15 milhões- e não o informado pelo
PT. Segundo o partido, Duda irá
receber R$ 5 milhões apenas pela
campanha de Lula.
Os R$ 15 milhões apurados pela
reportagem correspondem ao
"pacote fechado", que, além de
Lula, inclui os programas de Benedita da Silva (governo do Rio),
José Genoino (governo de São
Paulo), Aloizio Mercadante (senador por São Paulo), José Dirceu
e Vicentinho (deputados federais
por São Paulo).
O suporte financeiro depende
do desempenho de 20 arrecadadores comandados pelo goiano
Delúbio Soares, tesoureiro da
campanha presidencial do PT. A
equipe visita 300 empresários a
cada cinco dias úteis.
Soares quer "dinheiro novo" de
arrecadações para gastar até R$ 36
milhões, que é a previsão de despesas para a campanha de Lula
que o partido informou ao TSE
(Tribunal Superior Eleitoral). O
objetivo é preservar os recursos
próprios para financiar as atividades partidárias de rotina.
Segundo Soares, o dinheiro para a pré-campanha (R$ 9 milhões)
saiu dos cofres do Fundo Partidário, das contribuições dos 297 mil
filiados e dos comissionados que
trabalham nas prefeituras do PT e
nos gabinetes de parlamentares.
Oficializada a chapa, em 29 de
junho, o PT mostrou a que veio:
manteve Duda Mendonça (autor
dos três últimos programas eleitorais do PT) como marqueteiro
da campanha, alugou um comitê
de três andares, recheou de estrelas sua equipe-pelo menos 280
pessoas, entre o comitê, a produtora de Duda e as coordenações
estaduais-, turbinou a agenda
de viagens em jatinhos e iniciou a
maior produção de material promocional da história do PT.
"Há dois elementos que fazem
muita diferença: poder viajar e ter
uma estrutura profissional de
produção para os programas",
afirma Gilberto Carvalho, responsável pela agenda de Lula.
O quesito material é tratado
com reservas pelo partido, e poucos foram os itens de consumo informados à reportagem. A Folha
consultou fornecedores que, mesmo sem revelar o volume de suas
vendas, são unânimes em dizer
que o PT de 2002 optou por mercadoria de maior qualidade.
Entre os produtos de ponta está
o "megabunner", um adereço feito em plástico grosso de quatro
metros de altura por um metro e
quarenta centímetros de largura.
Custa cerca de R$ 300 a unidade
colocada. "É uma peça cara, mas
de retorno visual indiscutível",
diz Carlos Cartegoso, da Ponto
Focal, fornecedor do PT.
"O PT cresceu", diz Soares ao
explicar o aumento de gastos eleitorais. Em 98, exemplifica, o orçamento anual do Diretório Nacional era de R$ 4 milhões. Em 2001,
passou para R$ 16,9 milhões; e este ano para R$ 20 milhões. Nesse
período, o número de prefeituras
administradas pelo PT aumentou
de 107 para 187. Entre 94 e 98, a
bancada de deputados federais
saltou de 48 para 59 -e estima-se
que chegará a 75.
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