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Tucano deu uma volta ao mundo de jatinho e gastou R$ 16 milhões
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dá para ir a pé. Sem pagar nada.
Do Senado ao Palácio do Planalto,
não são nem 500 metros. Mas, para tentar chegar lá como presidente, o senador José Serra já deu
uma volta ao mundo em viagens
de jatinho durante os dois primeiros meses da campanha.
Sua estimativa de gastos até o
momento está em R$ 16,26 milhões com jatinho e demais despesas da corrida eleitoral.
Em dois meses de campanha,
desse valor, cerca de R$ 11,76 milhões já estão gastos ou comprometidos, computando-se aí metade das despesas previstas com
contratos de rádio e TV, estimadas em R$ 9 milhões no total.
Do dia 6 de julho, quando a
campanha foi oficialmente inaugurada, até 6 de setembro, o tucano passou 60 horas no ar, voando
54 mil quilômetros. Ao menos, já
venceu a circunferência da Terra,
que é de 40 mil quilômetros.
Usou um avião Beachcraft, de
seis lugares, alugado à Líder Táxi
Aéreo. Pelo preço médio de mercado, já gastou R$ 450 mil.
Os gastos parciais da candidatura José Serra foram levantados pela Folha na última semana a partir
de informações prestadas informalmente por funcionários dos
comitês de Brasília e de São Paulo
e das empresas contratadas.
O advogado Milton Seligman,
ordenador das despesas, negou-se a falar sobre o assunto.
O serviço mais caro é a produção dos programas de TV. Duas
empresas, a Teleimage e a GW
Comunicações, fazem imagens,
entrevistas e a edição dos programas, sob a supervisão do marqueteiro Nizan Guanaes.
Os serviços da Teleimage e da
GW sairão, para toda a campanha, por cerca de R$ 8 milhões.
Metade disso, R$ 4 milhões, já teria sido gasto.
O programa de rádio, a cargo da
empresa Nosso Estúdio, sairá por
R$ 1 milhão até o final da campanha. Até agora, metade já estaria
comprometida.
Cachê
A transformação do palanque
de Serra em palco para artistas famosos também tem saído caro. O
cantor Leonardo, que já teve duas
aparições, cobra R$ 100 mil por
showmício. A dupla Chitãozinho
e Xororó, com quatro espetáculos, R$ 75 mil por evento. E o trio
KLB, que também se apresentou
quatro vezes, faturou R$ 50 mil
em cada uma.
Dois comitês, um em São Paulo
e outro em Brasília, abrigam os
180 funcionários contratados diretamente pela campanha, que recebem mensalmente R$ 700 mil
em salários. Não estão nessa conta os 17 jornalistas contratados
que recebem R$ 250 mil mensais.
Nas ruas, a campanha tem sido
pobre em camisetas e bonés, material considerado mais caro e que
está sob o controle da produtora
Bia Aydar. O comitê decidiu concentrar os gastos nos 2.100 outdoors espalhados pelo país, que
custam aproximadamente R$ 875
mil a cada 15 dias, período em que
os contratos são renovados com
as empresas de propaganda.
Ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), Serra informou que gastaria, no máximo, R$ 60 milhões na
eleição. Como seu caixa andou à
mingua, as despesas maiores deverão se concentrar na reta final
da campanha e, se houver, no segundo turno. A expectativa de
quem libera pagamentos no comitê tucano é que a eleição custe
cerca de R$ 40 milhões, quase o
mesmo declarado pelo presidente
Fernando Henrique Cardoso em
1998 (R$ 43,5 milhões).
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