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Candidato só visita Estados onde aliados bancam 100% da estrutura dos comícios
Improvisação e escassez marcam campanha de Ciro
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo ritmo dos gastos até agora,
a campanha de Ciro Gomes deverá custar bem menos que o gasto
máximo de R$ 25 milhões declarado ao Tribunal Superior Eleitoral no registro da candidatura.
Mas bem mais do que o valor gasto por Ciro na eleição presidencial
de 1998: R$ 1 milhão.
Até agora, em dois meses de
campanha, a estimativa de gastos
está em R$ 6,68 milhões. Esse valor inclui os R$ 2,5 milhões com
publicidade até o final do primeiro turno -em 6 de outubro-,
daqui a três semanas.
No início da campanha, Ciro
deu prioridade às visitas aos Estados, para consolidar os apoios recém-chegados ou valorizar os antigos aliados. Desde o dia 6 de julho até a primeira semana de setembro, o candidato percorreu
86.230 quilômetros -o equivalente a duas voltas em torno da
Terra.
A improvisação e a escassez de
recursos são marcas da campanha de Ciro Gomes, segundo seus
organizadores. O seu programa
eleitoral na televisão é modesto,
sem grandes recursos técnicos e
sem a presença de artistas contratados. A cúpula da campanha diz
que não há dinheiro para shows.
Para reduzir custos, os organizadores decidiram, segundo eles,
que Ciro só visita Estados onde os
aliados oferecem 100% da estrutura dos comícios.
O candidato da Frente Trabalhista está viajando num jatinho
Cittation 3, prefixo PT-LHC, emprestado pelo empresário Benjamin Steinbruch, presidente do
Conselho de Administração da
Companhia Siderúrgica Nacional. O custo total das viagens será
registrado como doação de campanha pelo empresário.
Pela quilometragem percorrida,
o custo até agora ficaria em R$ 600
mil -ou R$ 900 mil até o final do
primeiro turno. Na última semana, devido a problemas técnicos
no jatinho, Ciro precisou alugar
uma aeronave da TAM para cumprir seus compromissos.
Ciro fez 106 viagens, visitando
61 cidades diferentes em 19 Estados. Priorizou a região Sudeste.
Esteve 19 vezes em São Paulo (SP),
onde grava os programas eleitorais, 15 vezes no Rio de Janeiro e 5
vezes em Belo Horizonte. Visitou
8 cidades do interior de São Paulo
e 12 do interior de Minas.
Desde o início do programa
eleitoral gratuito, Ciro passou a ficar mais tempo em São Paulo.
Grava os programas durante dois
ou três dias da semana. Os gastos
com publicidade -contratação
do publicitário Einhart Jácome
Paz, equipe de publicitários, aluguel de estúdio e de equipamentos)- ficarão em torno de R$ 2,5
milhões.
Parte das informações sobre os
custos da campanha e o número
de profissionais contratados foi
fornecida pelo comando da campanha de Ciro. Outra parte foi calculada a partir de custos unitários
informados por integrantes do
comando.
Comitê
O comitê central de Ciro foi instalado num prédio de dois andares no Centro de Indústrias Gráficas de Brasília. Lá trabalham 17
funcionários assalariados e mais
32 cedidos pelos partidos políticos. Esses últimos são pagos pelos
partidos. O aluguel do prédio custará R$ 40 mil mensais.
O custo do material impresso
-cartazes, banners, santinhos,
camisetas- ficará em torno de
R$ 2 milhões, segundo apurou a
Folha. Parte do papel é doado por
grandes e médias indústrias de celulose. Outras empresas pagam o
custo de gráficas e registram como doação. O comitê de campanha também paga parte do serviço das gráficas.
O aluguel do espaço para cada
outdoor custa R$ 300 por 15 dias.
Assim, cada outdoor custará cerca de R$ 1.500 no período de dois
meses, incluindo o material. O comando da campanha pepessista
planejava colocar 2.000 outdoors,
mas trabalha com a instalação de
apenas mil.
O coordenador nacional da
campanha, deputado Walfrido
Mares Guia (PTB-MG), afirma
que a campanha está sendo modesta porque as doações são escassas. "Não temos show do Chitãozinho e Xororó, Elba Ramalho.
Cada show custa R$ 100 mil", disse. Segundo ele, os shows dos comícios de Ciro, com artistas menos famosos, são pagos pelos aliados nos Estados.
Mares Guia afirmou que os gastos estão sempre na frente da entrada dos recursos. Muitas despesas são feitas graças ao aval de
membros do comando da campanha. "Mas em toda campanha é
assim. No final, entra todo o recurso necessário."
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