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Campanha de Garotinho depende de doações de empresários evangélicos
MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Não fossem as contribuições extra-oficiais de empresários evangélicos, a campanha do presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, se resumiria a um périplo
simples pelo Estado do Rio, como
se fora candidato ao governo.
Contudo, a estimativa oficial da
campanha, de R$ 2,3 milhões, pode até triplicar caso o candidato
continue na tímida escalada para
o segundo lugar.
"É a lógica cruel: quanto melhor
nas pesquisas, mais verba injetada", afirmou um dos coordenadores da campanha.
Mesmo triplicado, o valor está
longe das cifras oficiais divulgadas pelos outros candidatos. Mas
a coordenação da campanha
acredita que o grande trunfo, o
poder de comunicação do candidato, "não se compra com marqueteiro de elite".
Para os coordenadores, o calcanhar-de-aquiles é o que não se pode mudar: o pouco tempo que o
candidato tem na TV e no rádio
para usar o propagandeado trunfo eleitoral. Já o dinheiro, eles
acreditam, virá conforme o crescimento nas pesquisas.
Desde que deixou o governo do
Rio, em abril, para disputar a eleição, o presidenciável depende dos
evangélicos até para o pagamento
de despesas domésticas.
Eles não aparecem como financiadores ostensivos e, explicitamente, negam que façam doação
de dinheiro.
A ajuda vem por meios alternativos, como a organização de
shows de música gospel, que
atraem público para Garotinho, e
a distribuição de kits com material de propaganda do candidato,
como marcadores de Bíblia.
A queda de Garotinho nas pesquisas eleitorais no primeiro mês
de campanha tinha levado os
evangélicos a diminuírem os recursos. Garotinho começou a
usar recursos da campanha da
mulher, Rosinha, para o governo
do Rio. Além disso, criou o "bônus" de R$ 1 que, até agora, segundo a assessoria do candidato,
arrecadou quase R$ 20 mil.
Sem dinheiro para viajar,o ex-governador passou quase os dois
últimos meses no Rio. Só nas duas
últimas semanas Garotinho retomou as viagens.
Novo ânimo
A subida nas pesquisas reanimaram os empresários evangélicos, que começaram a voltar a investir com intensidade na campanha. Há duas semanas, em Brasília, Garotinho participou de um
jantar fechado com 200 empresários da Adhonep (Associação dos
Homens de Negócio do Evangelho Pleno).
Os fretamento dos jatinhos e helicópteros para as viagens das
próximas semanas já estão garantidos. Além, é claro, da estrutura
para as carreatas nas cidades que
o candidato irá visitar.
Na região metropolitana de Belo Horizonte, esta semana, a van
que transportava Garotinho tinha
o logotipo da campanha no vidro
e, nas portas, estava escrito: "Igreja Batista Getsêmani".
A assessoria do presidenciável
afirma não ter controle do número de viagens que o candidato fez
desde 6 de julho, início oficial da
campanha.
Em estimativa feita pela Folha,
foram 42 viagens, principalmente
concentradas no Sudeste, especialmente Minas e São Paulo.
A reportagem levantou que o
custo das viagens até agora foi de
cerca de R$ 300 mil. Garotinho
costuma viajar com a equipe em
jato Lear Jet, em bimotor King Air
e, algumas vezes, em helicóptero
Bell. O fretamento de um Lear Jet
para o trecho ida e volta São Paulo-Belo Horizonte, por exemplo,
custa em média R$ 11 mil.
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