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"Loteamento virtual" do governo fracassa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva tentou inovar no preenchimento dos cargos federais nos Estados criando um portal na internet para que as principais lideranças políticas aliadas fizessem diretamente suas indicações.
Mas em vários Estados as decisões acabaram sendo tomadas em
reuniões entre parlamentares dos
partidos aliados, com a intermediação da direção nacional do PT.
O mesmo esquema usado nos últimos quatro governos.
O excesso de nomes indicados,
o surgimento de aliados de última
hora e as disputas internas dentro
do PT impediram o "loteamento
virtual" do governo Lula.
Em dezembro, o governo de
transição distribuiu senhas da página da internet para presidentes
de diretórios regionais do PT, governadores, senadores, deputados federais, um representante de
cada bancada estadual e mais o
coordenador da campanha de Lula no Estado.
Os petistas tinham liberdade
para indicar nomes a qualquer
cargo. Os únicos vetos, segundo o
PT, eram as pessoas que participaram do regime militar, que respondem a processos ou que são
suspeitos de corrupção.
A voracidade dos petistas por
cargos, porém, fez o sistema naufragar. Apenas no Rio de Janeiro,
por exemplo, foram indicados
304 nomes para 258 cargos. Em
média, há entre 150 e 200 cargos
federais em cada Estado, o que totaliza cerca de 5.000 postos de interesse político no país. O número
total de cargos de confiança da
máquina pública aproxima-se de
22 mil. Mas a maioria não atrai interesse dos partidos e é preenchida por funcionários de carreira.
Fracassado o esquema virtual, a
direção nacional do PT orientou
os líderes regionais que reunissem os aliados e tentassem fechar
acordos nos Estados. Em alguns
Estados isso foi possível, como em
Santa Catarina. Mas na maioria as
negociações chegaram a um impasse que exigiu a intervenção do
presidente do PT, José Genoino,
como na Bahia, no Paraná, em
Rondônia e no Mato Grosso.
Uma vez fechada a lista de indicações do Estado, ela é remetida à
Casa Civil, que analisa os nomes e
a encaminha aos ministérios.
Um caso conflituoso foi o do
Porto de Santos. A deputada Telma de Souza (PT), ex-prefeita da
cidade, pleiteava a presidência da
Companhia das Docas, mas foi
preterida por Valdemar Costa
Neto, presidente do PL.
Com o apoio de deputados, prefeitos e vereadores do PT, Telma
foi procurar José Dirceu (Casa Civil) e tentou, sem sucesso, reverter
a decisão. Como compensação,
ganhou duas diretorias do porto.
A presidente do PT-RO, senadora Fátima Cleide, estava com as
indicações quase prontas quando
teve de recomeçar para atender
indicações dos deputados Nilton
Capixaba (PTB) e Agnaldo Muniz
(PPS). "Eles disseram que o que
importa é quem aperta o botão",
disse Fátima, em uma referência
às votações que o governo enfrentará no Congresso.
(LUCIO VAZ, OTÁVIO CABRAL e RAYMUNDO COSTA)
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